Portenha de nascimento, mas brasileira de coração. Assim, era conhecida Maria Del Consuelo, nascida na capital argentina em 17 de dezembro de 1948. Por volta dos 42 anos de idade, se mudou para o Brasil com o título de arquiteta e urbanista embaixo do braço, expedido pela Universidade de Buenos Aires. Mas, no Brasil, não poderia atuar. Seu diploma estrangeiro tinha que ser registrado e apostilado por uma instituição de ensino superior brasileira para, enfim, conseguir seu registro em Conselho Profissional da época. Buscou, então, a Universidade de Brasília (UnB) e conseguiu o tão desejado documento em 5 de outubro de 1995.
A partir de então, não parou mais. Participou de diversos projetos em São Paulo, mas foi por Brasília que se encantou, decidindo que iria morar e trabalhar na Capital Federal. Resolveu, então, entrar para o serviço público, algo que parecia ser uma boa ideia, já que estava no centro administrativo do país. Assumiu diferentes cargos ao longo dos anos, que a permitiram lidar com assuntos inerentes à sua profissão: preservação urbanística, planejamento urbano e territorial. No Governo do Distrito Federal (GDF), participou ativamente dos estudos técnicos para a elaboração da Lei de Uso e Ocupação do Solo – LUOS.
Aos 70 anos de idade, a arquiteta e urbanista ainda tinha muito a contribuir. Em 2018, Maria Del Consuelo atuava como Assessora da Diretoria da Unidade de Planejamento Territorial Leste e Norte, da Coordenação de Gestão Urbana da Subsecretaria de Gestão Urbana, na antiga Segeth (hoje, Seduh). Mas em 11 de novembro daquele ano, algo inesperado aconteceu. Um dia antes de se aposentar, Maria Del Consuelo faleceu, pegando todos de surpresa. Deixou para trás um legado profissional imensurável, assim como as boas lembranças e saudades nos colegas de profissão.
Quem conviveu com a arquiteta e urbanista não poupa elogios ao seu caráter e profissionalismo, bem como à sua alegria, generosidade e dedicação constantes. Para a arquiteta e urbanista Mara Souto, Maria Del Consuelo era uma “profissional comprometida, apaixonada, ética e com o devido conhecimento e rigor técnico”.
Já o arquiteto e urbanista Deleon Araújo Costa Gonçalves, definiu Maria Del Consuelo como “uma simpatia em pessoa; arrancava sorrisos dos colegas de maneira fácil. São muitas as qualidades para inspirar aqueles que se dispõem a entrar (…) no serviço público”.
E foi essa inspiração que motivou a arquiteta e urbanista Ilza Maria Araújo Silva a seguir seu caminho na Administração Pública. “Quando entrei para o serviço público, encontrei uma profissional dedicada, inconformada com ‘o pouco’, querendo sempre fazer mais pelo território urbano do DF. Ela já era uma senhora e trabalhava com projetos de arquitetura, mas quando falava em urbanismo, seus olhos brilhavam de forma diferente. Talvez com o mesmo brilho que apareceu em seus olhos quando ela decidiu seguir a arquitetura, quando fez seu primeiro projeto, quando nasceu seu filho, quando se encantava com a vida e ria”, lembrou Ilza Araújo.
A amiga recorda dos grandes momentos que passaram juntas e a dor da perda que, hoje, são apenas boas lembranças. “Você sempre será lembrada por todos os seus colegas de trabalho; todos os dias; em cada observação de projeto. De suas tiradas cômicas, do seu jeito acelerado e do seu grande coração”, resumiu a arquiteta e urbanista Ilza Araújo um sentimento comum a todos que a conheceram.
Por Andréa Lopes, Assessora de Comunicação do CAU/DF.