
A arquiteta e urbanista Maria do Carmo de Novaes Schwab, formada em 1959 pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, foi a primeira mulher a atuar na área de arquitetura e urbanismo no Espírito Santo. A profissional ocupou cargos públicos no governo do Estado e no Ministério da Agricultura e esteve à disposição da reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), acumulando as funções de diretora do Departamento de Planejamento e Obras e de arquiteta da Universidade. Além disso, Maria do Carmo realizou uma série de projetos particulares de escolas, clubes, hospitais, igrejas e residências particulares, além de projetos de planejamento urbano. Foi uma das fundadoras do Instituto de Arquitetos do Brasil – seccional do Espírito Santo e presidente da instituição em 1975. Na entrevista abaixo, ela apresenta seu ponto de vista sobre as arquitetas e urbanistas brasileiras e sobre a arquitetura. Homenagem do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES) a todas as arquitetas e urbanistas pelo Dia Internacional da Mulher
Quase 70% dos profissionais do ES são mulheres e jovens, qual a sua mensagem para as arquitetas e urbanistas?
Eu me realizei com minha profissão e nunca tive nada que atrapalhasse minha atuação. Mesmo trabalhando cercada por homens, quando comecei em 1953, nunca fui discriminada por ser mulher, muito pelo contrário, sempre fui muito apoiada e fiz bons amigos. Desejo essa realização e essas conquistas às arquitetas e urbanistas que estão no mercado hoje.
Na sua opinião, quais benefícios a arquitetura pode levar para a sociedade?
Todos! A arquitetura só traz benefícios, já que sem planejamento não se chega a lugar algum. É preciso enfrentar os desafios e acredito que hoje os arquitetos estão indo muito bem. A sociedade de um modo geral está mais consciente, ouvindo mais o profissional arquiteto. Hoje os arquitetos e urbanistas são mais procurados e acredito que eles estão respondendo bem a essa demanda.
O que o olhar feminino agrega à profissão?
Não acredito que haja diferença. O arquiteto (homem) quando tem sensibilidade é tão bom quanto a mulher. Ambos têm a mesma capacidade.
O que considera relevante em sua carreira?
Procurei cumprir meu dever e estou satisfeita com o resultado de meu trabalho, que sempre foi atender as pessoas que me procuraram. A capela ecumênica da Ufes não foi feita, não me conformo. Alguns projetos foram modificados, e isso dói o coração… Mas fiz muitas casas que deram um resultado muito positivo. As mudanças são naturais e acontecem. Na oportunidade se atende, mas não se é dono daquele espaço. No geral me sinto muito realizada com tudo que fiz.
Qual a importância dos organismos institucionais – Instituto de Arquitetos, Conselho de Arquitetura e Sindicato dos Arquitetos – para a profissão e os profissionais?
São instituições fundamentais. Participei da fundação do IAB/ES e fui a 2ª presidente do Instituto. Acredito que além da convivência com os colegas, da união, são importantes no papel da luta pela e para a profissão.
Por Carol Perim, ex-Assessora de Comunicação do CAU/ES
= Veja outras histórias de arquitetas e urbanistas brasileiras