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Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho: arquiteta por escolha e por sensibilidade

Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho. Mulher. Nascida à antevéspera do dia oito de março. Única filha dentre cinco filhos. Arquiteta e Urbanista. Por escolha e sensibilidade. Males que, ainda hoje, afligem cidades e pessoas, a tocaram naquela época. Há 52 anos. Testemunhou o êxodo rural, as doenças, a pobreza extrema e a insalubridade daqueles que vivem em cidades doentes. Foi tocada e decidiu transformar. Através da Arquitetura e Urbanismo; a mesma que construiu Brasília. A mesma que lhe encantou e atraiu.


Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho não queria ser professora. Mas já seria. No início, de matemática e desenho. Habilidades natas. Não haveria como fugir. Professora de muitos. Professora para sempre. Ainda o é.

 

Arquiteta e Urbanista Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho. Foto: Acervo pessoal.

 

Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho, uma das cinco mulheres em uma turma masculina. Uma das primeiras professoras na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. A profissional que nunca concebeu passar um ano sem se atualizar. Doutora em Geociências e Meio Ambiente. Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Especialista em Planejamento Urbano e Regional. Especialista em Controle do Ambiente em Arquitetura e Urbanismo. Estudiosa dos aspectos ambientais e seus impactos na arquitetura e na urbanização dos centros. Questionadora da arquitetura e das técnicas predatórias adotadas à época e que repercutiam na qualidade de vida das pessoas.

 

Arquiteta e urbanista atuante na implantação do Polo Petroquímico de Camaçari. Atuante na legislação urbanística daquele município. Atuante na construção da barragem de Pedra do Cavalo. Convidada a implantar o campus da Universidade Estadual de Feira de Santana. Atuante na reformulação do Código de Obras da Cidade de Salvador, propondo, à época, um capítulo dedicado às casas populares.  Propositiva das atuações interdepartamentais no ambiente acadêmico por entender que as profissões não se desenvolvem solitariamente. Uma profissional que entendeu que algumas transformações perpassam pelo prisma político e que enveredou no assessoramento técnico para defender a implementação de suas soluções.

 

Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho, a profissional que decidiu trabalhar com Arquitetura Social em um município do interior do estado para proporcionar o mínimo de dignidade a quem só conhecia a pobreza. A arquiteta e urbanista que fundou – e atualmente coordena – o Laboratório de Conforto Ambiental e Tecnologias Sustentáveis da Universidade Federal. A arquiteta e urbanista do projeto e da execução. A arquiteta que gosta de obra. Sempre gostou. Mas que também gosta de desenhar móveis e de pensar soluções que resultem em conforto ambiental. A mulher, arquiteta e urbanista, professora, pesquisadora, que se mantém ativa, lecionando nos cursos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e na Residência em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia da UFBA, ofertando o seu saber e trocando experiências com os que ainda estão em formação. A profissional que construiu uma trajetória comprometida com a inovação.

 

Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho, mãe. De quatro meninas. Meninas com nomes de cidades. Lídice, Liège, Letícia, Larissa. A mãe dedicada que sempre buscou o equilíbrio entre a rotina materna e a profissão. E que acordava às 04:30 da manhã para produzir seu trabalho científico e depois levar as meninas na escola. E trabalhar em seguida. Hoje, avó, de seis netos. Mulher cujo maior orgulho na vida é ter tido a habilidade de conciliar a vida pessoal e profissional e de ter sido uma mãe presente. Uma mulher que reconhece claramente os principais pilares de uma vida feliz e se dedica a cuidar de todos eles: a espiritualidade, a feminilidade, a família e o trabalho. E que neste novo momento de vida deseja, mais do que tudo, viver.

 

E neste Dia Internacional da Mulher traz como mensagem para as colegas arquitetas e urbanistas:

 

“Nesse Dia Internacional da Mulher de 2019, data que nossa faculdade completa 60 anos e o nosso CAU, 09, é que a Arquitetura e Urbanismo é um campo coletivo, onde as mulheres se encontraram e estão demonstrando sua competência e valor, sua sensibilidade e seu amor ao próximo.

 

Reconheço que a trilha por mim percorrida tem sido árdua e foi preciso têmpera, élan, coragem, rompimento de preconceitos, e sobretudo amor ágape, para ir mudando o rumo da minha prática profissional: de tímida mas aguerrida projetista de prancheta, para projetista/construtora antenada com as novas tecnologias; de mestra e pesquisadora, a produtora de conhecimento científico interdisciplinar e extensionista; e  ainda de mãe de família, cuidadora de si, dos seus, para mulher militante, ética e responsável, no âmbito profissional e da cidadania e orientadora de colegas mais jovens, ao longo dos anos. E é nesse caminho que ainda seguimos… puxada por alguns idealistas que sonham, como eu, uma cidade mais humana e ambientalmente sustentável.

 

Quero compartilhar essa homenagem com todos aqueles que me suportaram nos canteiros de obra, onde fizemos surgir do nada conjuntos habitacionais, legislações, bairros, universidades, escolas, centros comunitários, clubes, estádios, residências e edificações integradas ao clima, praças e parques… que são meu xodó atual… ; e com todos aqueles do meio acadêmico, que iluminaram meus dias, desde meus amados professores, colegas e pares, com quem aprendi muito em eventos que participamos, incluindo aí o saber laico dos parceiros das comunidades, mas destacando os meus amados alunos, de todos os níveis… 

 

Clamo bênçãos divinas e paz, para todos nós!”

 

 

Por Ana Paula Couto, Analista de Comunicação do CAU/BA. 

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