Inaugurado em 1895, o Museu do Ipiranga, edifício monumental projetado pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudencio Bezzi para marcar o sítio onde o príncipe regente D. Pedro proferiu a famosa expressão “É tempo! Independência ou Morte”, declarando a emancipação do Brasil do reino português, será reaberto ao público neste 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência.
O edifício esteve fechado por nove anos, para que fosse viabilizada e concebida uma das maiores obras de restauro realizadas no país, a revitalização e ampliação de um dos patrimônios tombados (nas três esferas governamentais) mais importantes do Brasil.
O projeto de revitalização esteve a cargo do escritório H+F Arquitetos, liderado pelos arquitetos Eduardo Ferroni e Pablo Hereñú. O trabalho deles foi o vencedor Concurso Nacional de Arquitetura para o Restauro e Modernização do Edifício-Monumento do Museu do Ipiranga promovido pela Universidade de São Paulo em 2017. (Veja mais abaixo os nomes dos demais participantes da equipe).
O museu reabre também com um novo um projeto expográfico coordenado pela Metrópole Arquitetos, sob responsabilidade das arquitetas Ana Paula Pontes e Anna Helena Villela.
O CAU Brasil cumprimenta os arquitetos e as arquitetas das equipes que projetaram as transformações e todos os profissionais e operários envolvidos na sua execução, inclusive o restauro do acervo, bem como a direção do museu e os órgãos de preservação que contribuíram na aprovação dos projetos.


Foram investidos R$ 235 milhões, incluindo o restauro do jardim francês, das pontes e a recuperação do entorno. A ampliação acrescentou uma nova área de 6.800 m², o que possibilitará à instituição receber um público acima 500 mil visitantes por ano, quase dobrando a média anterior à reforma. O projeto prevê acessibilidade universal.
A cerimônia de abertura do museu (também conhecido como Museu da Independência, mas cujo nome oficial é Museu Paulista), exclusiva para convidados, autoridades e patrocinadores, será realizada dia 6. No dia 7, as portas serão franqueadas aos primeiros visitantes: trabalhadores da obra e seus familiares. Para o público em geral, a entrada será gratuita nos dois primeiros meses, mediante reserva antecipada de ingressos.
PROJETO DE RESTAURO E MODERNIZAÇÃO
Na competição arquitetônica, o júri avaliou aspectos como racionalidade, funcionalidade e exequibilidade técnica; respeito às características materiais, estruturais, composição e documentais do edifício; criatividade, solução estética e inovação do projeto; atendimento às especificidades do uso e das soluções de circulação e acessibilidade; e adoção de critérios e soluções de projeto para a sustentabilidade ambiental.
As intervenções propostas pelo escritório H+F Arquitetos procuraram interferir o mínimo possível na volumetria do histórico edifício. O projeto buscou respeitar a presença do prédio na paisagem paulistana. Ao mesmo tempo, transformou o espaço interno, adequando-o para as necessidades de um museu contemporâneo, mas utilizando poucos elementos novos, de maneira a valorizar seu acervo de mais de 100 mil peças, entre obras de arte, mobiliário, livros e diversos objetos historicamente relevantes.
A ampliação foi concebida não como um anexo ou apêndice mas como um prolongamento subterrâneo do edifício, conectando o Museu ao Parque de uma forma mais potente, configurando uma nova esplanada de acesso. O novo setor de acolhimento está localizado nesta área.


As principais ações destinadas à modernização e adequação funcional do edifício foram agrupadas em uma única intervenção: a inserção de uma torre infraestrutural (escada protegida, elevadores, conjuntos de sanitários, shafts de instalações e áreas técnicas) no interior da porção sul de seu corpo central, área já bastante descaracterizada e ocupada por funções de natureza similar.
O espaço vazio localizado no interior do coroamento da torre central foi reconfigurado com a construção de uma cobertura de vidro para as claraboias centrais e a inserção de um volume que abriga uma nova sala expositiva e cria um mirante ao ar livre em sua cobertura. Todos os elementos estruturais da cobertura original foram preservados e recuperados
Este vídeo é o episódio 9 do Diário do Novo Museu do Ipiranga documentando a evolução da obra. No vídeo, Eduardo Ferroni, um dos arquitetos responsáveis pela obra, explica o processo de retirada e recolocação das pedras que formam a escadaria da entrada e sobre o início dos trabalhos de restauro das fontes e do Jardim Francês. Na sequência, a educadora do Museu do Ipiranga, Denise Peixoto, apresenta detalhes sobre os recursos de acessibilidade que serão usados por todas as pessoas, com ou sem deficiência.
Liderada por Eduardo Ferroni e Pablo Hereñú, a equipe responsável pelo projeto vencedor do concurso de 2017 é composta por Amanda Domingues, Anna Beatriz Ayroza Galvão, Camila Paim, Carolina Klocker, Griselda Kluppel, João Pedro Sommacal De Mello, Joséphine Poirot-Delpech, Levy Vitorino, Michele Meneses de Amorim. Olympio Augusto Ribeiro. Atuaram como consultores Arnaldo Ramoska (Instalações), Eduardo Léo Kayano (Climatização), Heloísa Maringoni (Estruturas), Marcos Lima Verde Guimarães (Geotecnia), Nilton Miranda (Bombeiros) e Ricardo Heder (Iluminação).
Clique no link para conhecer o Projeto Arquitetônico e de Restauro
PROJETO DE EXPOGRAFIA
O Projeto Executivo de Expográfico para novo Museu Ipiranga contempla onze exposições de longa duração de cinco a três anos, organizadas em dois eixos curatoriais: Eixo 1 – Para Entender a Sociedade e do Eixo 2 – Para entender o Museu, área expositiva total de 2.259,11m². E a exposição temporária Memórias da Independência com área de 771m2.

Coordenada pela arquitetas Ana Paula Pontes e Anna Helena Villela, a equipe responsável foi composta também por Aline Zorzo, Joséphine Poirot-Delpech, Bruna Caracciolo, Mayra Rodrigues e Lia Soares.
Clique nos links abaixo para conhecer detalhes do Projeto:


TRAJETÓRIA DO EDIFÍCIO
Conforme artigo publicado pela Revista Restauro (v.4, n.7, 2020), o monumento arquitetônico concebido pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudencio Bezzi para marcar o lugar da Independência foi a primeira edificação em escala monumental feita em tijolos na cidade de São Paulo. A obra teve início em 1885 e foi concluída em 1890. A inauguração se deu em 7 de setembro de 1895 como museu de História Natural e marco representativo da Independência do Brasil.
Em 1922, no período do Centenário da Independência, formaram-se novos acervos e foi executada a decoração interna do edifício, contando com pinturas e esculturas no Saguão, na Escadaria e no Salão Nobre que apresentassem a História do Brasil.




Sua volumetria foi inspirada nos grandes edifícios acadêmicos europeus do século XIX, que, como o Reichstag berlinense e a Universidade de Viena, são compostos por um edifício horizontal inspirado nos palácios franceses do século XVIII, arrematado por torreões laterais.
“As trajetórias do Edifício-Monumento e do Museu Paulista (o Museu do Ipiranga) tornaram-se uma só por sua força simbólica no imaginário nacional. Mas elas têm origens distintas. A construção do Edifício-Monumento concretizou o ideal do Império de criar um marco comemorativo da Independência do Brasil na região do Ipiranga. Já o Museu Paulista, criado como Museu do Estado e formado a partir de uma coleção particular, foi instituído por decreto provincial em 1890, um ano depois de proclamada a República. Em 1893, o Museu do Estado teve seu nome alterado para Museu Paulista e o Monumento do Ypiranga foi declarado propriedade do Estado e destinado a abrigá-lo. Assim, duas iniciativas, uma imperial e outra republicana, passaram a coabitar em um mesmo espaço construído”, afirma a Revista Restauro.
Autor do projeto do Museu do Ipiranga, o engenheiro e arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi nasceu em Turim em 1844 e faleceu no Rio de Janeiro em 1915. Radicou-se no Brasil desde 1875, onde trabalhou para a Corte Imperial Portuguesa. Uma curiosidade de sua biografia: na adolescência foi voluntário nas campanhas de Giuseppe Garibaldi pela unificação italiana.
Clique no link para acessar a íntegra do artigo “A preparação do Museu do Ipiranga para o bicentenário da Independência em 2022”.
Neste vídeo, de agosto de 2022, o professor Paulo Garcez Marins, chefe da divisão de acervo e curadoria da instituição, fala sobre o estágio de montagem das exposições que vão reabrir o Edifício-Monumento. Na sequência, Denise Peixoto, educadora no Museu, conta como foi pensada a produção dos materiais multissensoriais das mostras e apresenta alguns artistas e artesãos que colaboraram para executar esse material, que poderá ser manuseado por todos. O vídeo encerra com o arquiteto e coordenador da Fusp, Mauro Halluli, comentando sobre os detalhes do fim da obra do edifício ampliação, como instalação de luminárias, piso de madeira no auditório e limpeza da área externa.
SAIBA MAIS:
= Cronograma do empreendimento
= Vídeos da evolução das obras
Leia matérias relacionadas:
Ciência é protagonista na restauração do famoso quadro da independência do Brasil
Museu do Ipiranga será reinaugurado com área ampliada e totalmente acessível