O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil lamenta o falecimento do advogado e professor Paulo Nogueira Neto, que devotou sua vida à proteção da natureza, à ciência e às políticas ambientais do país.
Premiado internacionalmente, Paulo Nogueira Neto é considerado com justiça o maior ambientalista do Brasil, reconhecimento que conseguiu com seu espírito afável de agir, priorizando o convencimento às bravatas.
Ele foi um dos formuladores do conceito de “desenvolvimento sustentável” como membro da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como “Comissão Brundtland”, das Nações Unidas, na década de 80.
O Brasil deve a ele a criação do primeiro órgão ambiental federal do país, a Secretaria Especial de Meio Ambiente, em 1973, época em que a visão desenvolvimentista tinha prioridade sobre questões ambientais e seus impactos sociais. Em sua gestão frente ao órgão, por mais de uma década, foram criadas 26 estações ecológicas, reservas biológicas e outras Unidades de Conservação, num total de 3,2 milhões de hectares de áreas protegidas.
Professor emérito da cadeira de Ecologia Geral do Instituto de Biociências da USP, ele foi o autor da principal lei ambiental brasileira, a Política Nacional do Meio Ambiente, que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Além disso, foi um dos primeiros no Brasil a alertar sobre o risco das mudanças climáticas. Foi fundador de diversas entidades como a SOS Mata Atlântica e o braço brasileiro da Word Wide Web Foundation.
No momento em que o Brasil é marcado por tragédias ambientais, o legado de Paulo Nogueira Neto deve ser reverenciado e servir de exemplo para ações que, com sabedoria, conciliem desenvolvimento e sustentabilidade, protegendo a vida humana e a natureza.
Brasília, 26 de fevereiro de 2019