O Conselho de Arquitetura e Urbanismo lamenta o incêndio que se alastrou ontem na Estação da Luz, que abriga o Museu da Língua Portuguesa. Trata-se de uma construção histórica, inaugurada no início do século XX, que mostra a influência inglesa na construção ferroviária de São Paulo e também o talento de um dos arquitetos e urbanistas brasileiros de maior renome no mundo: Paulo Mendes da Rocha.
Junto com seu filho Pedro, Paulo Mendes da Rocha foi responsável pela intervenção arquitetônica que instalou o Museu da Língua Portuguesa no local. O projeto teve que ser aprovado pelo Iphan antes de ser posto em prática – a Estação da Luz é tombada como patrimônio histórico nacional. “Não se pode tocar o prédio só um pouquinho, sob pena de não se fazer uma boa intervenção. Nossa preocupação foi sempre a de constituir, além do passado, o patrimônio do amanhã”, afirmou Pedro Mendes da Rocha à revista ProjetoDesign, em reportagem sobre a intervenção finalizada em 2006. Leia aqui a matéria.
O Conselho também se solidariza com a família do bombeiro Ronaldo Pereira da Cruz, que morreu enfrentando o incêndio.
O CAU/SP comprometeu-se a iniciar uma campanha de mobilização para reconstruir o Museu. Leia aqui. Esse é o segundo incêndio que afetou o prédio. O primeiro foi nos anos 1940 e ensejou uma primeira reconstrução da edificação original. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Paulo Mendes da Rocha disse que as paredes grossas da Torre do Relógio impediram que o fogo se espalhasse ainda mais, como aconteceu no incêndio de 1946. Leia aqui a entrevista.
A longa história da Estação da Luz e sua estreita relação com o desenvolvimento da cidade é contada pelo jornalista Leão Serva em artigo publicado hoje na Folha de S. Paulo, desde a ocupação do bairro a partir da estação ferroviária até a recuperação de sua vocação turística com a inauguração do Museu em 2006. Leia aqui.
Leia ainda artigo da professora Beatriz Mugayar Küh, do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU/US, autora do livro “Arquitetura do ferro e arquitetura ferroviária em São Paulo: Reflexões sobre a sua Preservação. São Paulo”, Ateliê / FAPESP / Secretaria de Estado da Cultura, 1998.
Publicado em 22/12/2015