
“Para ser prefeito deveria ser obrigatório ser arquiteto. Um dia ouvi essa frase e hoje penso ter fundamento!”. Assim começa artigo escrito pelo arquiteto e urbanista José Mauro Orlandini, ex-prefeito de Bertioga (SP). Ele e o arquiteto e urbanista Lacir Baldusco, ex-prefeito de Itapecerica da Serra, escreveram artigos exclusivos para a Revista Móbile, do CAU/SP, contando um pouco de suas experiências no comando de duas cidades brasileiras. Experiências que refletem alguns dos princípios expostos na Nova Agenda Urbana da Organização das Nações Unidas (ONU) e apoiados pelo CAU/BR e pelos CAU/UF.
Conheça os atuais prefeitos que apoiam a Nova Agenda Urbana
Lacir Baldusco destaca que o conhecimento profissional de um arquiteto, apesar de fundamental, não é suficiente para promover as transformações necessárias ao planejamento urbano. “Outras questões que permeiam todo o processo administrativo e que são ditadas pelas condições políticas, econômicas e legais podem levar as expectativas da euforia ao desânimo, da esperança à decepção”. Lacir, que hoje é presidente do Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade McKenzie, destaca que o prefeito deve assumir o papel de articulador entre os diferentes atores, buscando os seguintes objetivos:
- Criar mecanismos de participação da comunidade na gestão do município, sensibilizando-a para o diálogo e criando espaços que possam abrigar críticas, anseios, opiniões e o exercício do controle social.
- Maximizar os recursos e potencialidades locais, valendo-se de parcerias com o setor privado e organizações não governamentais.
- Institucionalizar um modelo de planejamento urbano e territorial por meio de planos, projetos e da valorização do desenho urbano na escala do cidadão.
- Promover o compartilhamento do conhecimento entre municípios delineando políticas globais que respeitem as características
locais

ARQUITETURA E DESENVOLVIMENTO
José Mauro Orlandini foi o primeiro prefeito de Bertioga, município que se emancipou da cidade de Santos em 1991. Em 2009, foi eleito para um segundo mandato. “Sem dúvida, a minha formação acadêmica foi de vital importância para este desafio”, afirma. No seu segundo mandato, José Mauro colocou como prioridade replicar em todo o município o modelo de desenvolvimento aplicado no bairro Riviera de São Lourenço, empreendimento urbanístico 100% aberto e que responde por mais da metade da arrecadação da Prefeitura.
A Prefeitura revitalizou a orla do município a partir de um projeto do arquiteto e urbanista Ruy Ohtake. Também reurbanizou o centro histórico da cidade e das Avenidas 19 de Maio e Ancheita, com paisagismo, ciclovia e estacionamento. “As melhorias realizadas foram fruto de uma visão profissional com uma equipe de profissionais competentes”. Para José Mauro, a cidade ainda necessita de uma ferramenta de apoio à gestão a exemplo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, o IPPUC, para garantir agilidade e continuidade no planejamento da cidade.
O CAU/BR e os CAU/UF têm realizado diversos esforços para divulgar os 10 princípios da Nova Agenda Urbana (leia aqui). Desde reuniões com prefeitos e associações de municípios até a promoção de amplos debates entre gestores municipais. O evento mais recente aconteceu em Brasília, no IV Seminário Nacional de Política Urbana e Ambiental. Cerca de 150 arquitetos e urbanistas debateram os desafios da gestão municipal frente à Nova Agenda Urbana. “Precisamos implementar, precisamos de gestão. O compromisso é de construir cidades, e é preciso que isso seja executado”, afirmou a conselheira do CAU/BR Lana Jubé, coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental. Leia mais aqui.
Publicado em 11/04/2017