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Novo presidente do IAB, Odilo Almeida: “Nosso objetivo será a melhoria das condições de trabalho dos(as) arquitetos(as) e urbanistas a serviço da população brasileira”

 

No mês de outubro, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) elegeu como 39o. presidente da sua história, para os próximos três anos, o arquiteto e urbanista cearense Odilo Almeida Filho. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará, mestre em Arquitetura e Urbanismo pela mesma universidade, foi presidente do IAB/CE, presidente do CAU/CE, vice-presidente nacional do IAB (Nordeste) sendo, atualmente, Secretário Geral do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP).

 

Por meio do IAB, Odilo foi o coordenador e relator das Tabelas de Honorários de Serviços de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, elaboradas pelas entidades nacionais de arquitetos(as) e aprovadas pelo CAU Brasil. As tabelas definem os conteúdos e os honorários para 211 projetos e serviços abrangidos e permite gerenciar os custos de projeto. 

 

Na entrevista a seguir, ele fala das conquistas do IAB e das estratégias para promover a representação dos(as) arquitetos(as) e urbanistas no país e no mundo e proporcionar a oferta de serviços de formação continuada e crédito facilitado para profissionais de todo o país. 

 

Como você vê o papel do IAB na promoção da Arquitetura e Urbanismo no país? 

O Instituto de Arquitetos do Brasil tem um papel diferente de outras instituições, como o CAU, por exemplo. Enquanto o CAU é um órgão de Estado com a função de regular e fiscalizar o exercício da profissão, em defesa da sociedade, o papel do IAB é de congregar e defender os interesses da categoria de arquitetos(as) e urbanistas, buscando sintonia com a universalização dos benefícios proporcionados pela Arquitetura e Urbanismo para todos. 

 

A proposta da nova Direção Nacional do IAB é de trabalhar na melhoria das condições de vida e de trabalho dos(as) arquitetos(as) e urbanistas, repensar o futuro da profissão e colocar a Arquitetura e Urbanismo a serviço das amplas camadas do povo brasileiro. 

 

A Arquitetura é um instrumento poderoso para nossa identidade cultural, produção e reforma dos espaços construídos. Ela precisa ser compreendida pela sociedade e pelo Estado como tal.

 

Como o IAB pode apoiar arquitetos(as) e urbanistas no mercado de trabalho?

Nosso país tem, de um lado, grandes necessidades dos serviços oferecidos pelos(as) arquitetos(as) na área de habitação, Infraestrutura urbana, ampliação dos espaços públicos, preservação do patrimônio histórico, etc. Do outro lado, temos cerca de 230mil arquitetos(as) disponíveis, dos quais 130mil foram formados a partir de 2012, a maior parte com financiamento federal. Precisamos contribuir para ligar a demanda e a oferta, contribuindo para a inserção produtiva desses arquitetos(as) e urbanistas no mercado de trabalho e na solução dos problemas da população.

 

O Brasil está vivendo um momento de retomada do crescimento com anúncio de investimentos da ordem de R$ 1,7 trilhões em infraestrutura até 2026 pelo novo governo federal. Esse cenário abre muitas oportunidades. Nossa intenção é ajudar a capacitar os(as) arquitetos(as) e urbanistas, principalmente os(as) associados(as) ao IAB, para aproveitarmos esse bom momento.

 

Estamos buscando uma parceria nacional com o SEBRAE para capacitação, formalização, apoio de crédito e ampliação do mercado de trabalho, por exemplo, organizando os(as) arquitetos(as) para a oferta de serviços à rede de micro e pequenas empresas atendidas pelo SEBRAE.

 

Vamos também nos inserir nos esforços para difusão e desenvolvimento de softwares livres, em especial, os mais utilizados pelos(as) arquitetos(as), como softwares do tipo BIM (Modelagem de Informação da Construção). Iremos apoiar as ações para que todos(as) arquitetos(as) tenham acesso a esses softwares, preferencialmente, de forma gratuita, através de parcerias com outras instituições, inclusive governamentais. As novas tecnologias de projeto, como BIM e inteligência artificial, são questões estratégicas para a profissão e para o país e pretendemos influenciar para que o Brasil se insira na vanguarda tecnológica nessas áreas.

 

Nossa gestão no IAB procurará influir para que cada arquiteto(a), ao se formar, receba, no mínimo, apoio para ter um bom computador, um bom software de projeto, capacitação administrativa para gerir seu pequeno negócio e oportunidade de trabalho.

 

 

 

Como engajar a categoria de arquitetos(as) e urbanistas para essas pautas?

Quando qualquer jovem profissional se forma numa faculdade, ele(a) procura se aperfeiçoar e se organizar para se inserir no mercado de trabalho. Em todo o mundo, essa transição é facilitada por meio de ações associativas, como o IAB. Nosso objetivo é ampliar as ações já realizadas pelo IAB, no processo de formação continuada, oferecendo treinamento em atribuições já previstas em lei, mas que são pouco ensinadas na graduação. Por exemplo, capacitação para projetos e construção na área de ATHIS (assistência técnica para habitação de interesse social), gestão de projetos, gestão de obras, legislação urbana e ambiental, projetos de instalações, elaboração de orçamentos e outros nichos de atuação que ampliam as possibilidades de inserção profissional.

 

Também pretendemos ampliar as oportunidades de interação entre os profissionais, realizando, em anos alternados, congressos estaduais, nacionais e internacionais, aliados à Premiação do IAB, já existente, à realização de exposições de projetos, valorizando e divulgando nossa produção arquitetônica, e também à feiras de produtos, serviços e tecnologia.

 

Tradicionalmente, o IAB também ajuda a desenvolver o olhar social dos jovens profissionais e estudantes, inclusive trazendo inúmeras experiências mundiais com as quais o Instituto colabora e compartilha.

 

Como será a atuação institucional do IAB junto a órgãos de governo e outras entidades de classe?

O IAB tem presença forte em diversas instâncias externas. Participamos dos principais conselhos de formação de políticas públicas, de fóruns e associações temáticas. É a instituição de arquitetos(as) que tem assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS), também chamado de “Conselhão”, comandado pelo Presidente da República. O IAB possui uma rede numerosa de profissionais dedicados à formulação de políticas públicas em todo o país. Conquistamos esses espaços em 102 anos de atuação, com capilaridade em quase todos os estados. Pretendemos aproximar essas experiências e potencializá-las.

 

O IAB vem trabalhando em harmonia com as demais instituições que fazem parte do Colegiado de Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) e com o próprio CAU Brasil. Vamos buscar elevar essa sinergia de esforços, evitando a superposição de ações e agindo de forma colaborativa.

 

Tivemos, nos últimos anos, uma grande renovação de dirigentes no IAB em todo o país. Aumentamos o protagonismo das mulheres, que representam perto de dois terços da categoria, dos mais jovens e das pautas afirmativas por reconhecimento de direitos, há séculos negados. Temos um coletivo de dirigentes bem formados, dinâmicos e antenados com os desafios da profissão.

 

Nossa gestão pretende ampliar a participação dos arquitetos(as) nas pautas e ações do IAB, aumentando nossa interação com os profissionais e diálogo com a sociedade e com o Estado, incluindo temas como adaptações da infraestrutura nacional às mudanças climáticas, erradicação do déficit habitacional e da moradia precária, reforma urbana socialmente inclusiva e ambientalmente sustentável, valorização da arquitetura como uma das principais e mais permanentes formas de manifestação cultural, dentre outras.

 

Como potencializar o excelente momento que o IAB vive no cenário mundial da Arquitetura?

O IAB é a instituição que representa os(as) arquitetos(as) brasileiros(as) na União Internacional de Arquitetos (UIA), na Federação Pan Americana de Associações de Arquitetos (FPAA) e no Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP). Ao longo dos anos, o Instituto tem sido uma espécie de “embaixador” da arquitetura brasileira no mundo. Em 2021, promovemos, com sucesso e pela primeira vez, o 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIARIO2021), no Rio de Janeiro. 

 

No último Congresso Mundial em Copenhagen (2023), elegemos vice-presidente da UIA para as Américas, um ex-presidente nacional do IAB. No CIALP, vamos lançar a candidatura à Vice-Presidência Internacional, outra ex-presidente nacional do Instituto. Pretendemos fortalecer essa presença internacional do Brasil através de convênios e parcerias com organizações da sociedade e com o apoio efetivo do Estado brasileiro.

 

Como a Arquitetura Brasileira está sendo vista no exterior?

A produção da arquitetura e urbanismo no Brasil chama a atenção pelos seus grandes contrastes. De um lado, uma produção arquitetônica em larga escala com grandes investimentos e alta tecnologia, e, de outro, os grandes conglomerados urbanos precários, as favelas, os cortiços, as periferias pobres das grandes cidades. O Brasil é reconhecido pela sua arquitetura moderna conceitualmente consistente e inovadora enquanto, convivemos, ao mesmo tempo, com uma produção arquitetônica menos conceitual e de natureza mais comercial, focada em resultados econômicos. Nossa arquitetura também apresenta interesse pela grande diversidade de adaptações climáticas, culturais e pelas iniciativas em andamento visando a erradicação do déficit habitacional e das habitações precárias.

 

Toda essa diversidade faz com que o Brasil seja visto, atualmente, como um grande laboratório na produção de soluções adaptáveis a diversas regiões do planeta que buscam atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável- ODS, da UNESCO- ONU, iniciativa global na qual o IAB também está inserido. 

 

A participação internacional do IAB proporciona muitos intercâmbios na troca de conhecimento. Pretendemos utilizar essa rede internacional para trazer ao Brasil, nos Congressos Nacionais e Estaduais de Arquitetos, as melhores experiencias do mundo contemporâneo, o que irá ajudar a despertar interesse da categoria pelos nossos eventos. 

 

 

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir aos arquitetos(as) e urbanistas do Brasil como presidente do IAB?

Na nossa eleição para a Direção Nacional do IAB, reunimos uma equipe muito representativa da profissão no Brasil. Somos 12 membros de 10 Estados brasileiros, seis homens e seis mulheres, de idades e raças diversas, com experiências em diferentes áreas de atuação: profissionais liberais, funcionários(s) do setor público e privado e professores(as) do ensino superior. 

 

Nosso sentimento é de um “realismo esperançoso”, como diria o escritor Ariano Suassuna, de que os próximos anos nos proporcionarão grandes avanços para a profissão, para o Instituto de Arquitetos do Brasil e para a população brasileira. 

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