
Um novo estudo que incluí acesso e condições à moradia foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, dia 25 de agosto. A pesquisa revela uma significativa queda da pobreza considerando dados dos biênios 2008-2009 e 2017-2018, mas mostra uma manutenção ainda das desigualdades estruturais no país.
Foram avaliados indicadores não monetários de pobreza e qualidade de vida, tendo como base de dados duas edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares e três índices estatísticos novos. O estudo está em fase de teste, sob avaliação e foi classificado como investigação experimental.
Três índices são apresentados: Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário (IPM-NM), Índice de Vulnerabilidade Multidimensional não Monetário (IVM-NM) e Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário com Componente Relativo (IPM-CR).
O estudo identificou o universo de pessoas com algum grau de pobreza ou de vulnerabilidade, sob a ótica multidimensional, avaliando cerca de 50 indicadores não monetários, divididos em seis dimensões: moradia; acesso aos serviços de utilidade pública; saúde e alimentação; educação; acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e transporte e lazer. Nas comparações entre a população urbana e rural aconteceram poucas alterações.
As pessoas são consideradas em situação de pobreza quando a pesquisa detecta perdas e privações de qualidade de vida equivalentes a pelo menos duas dimensões inteiras. Dessa forma, sabemos que 22,3% da população brasileira tinha algum grau de pobreza multidimensional em 2017-2018, e que houve uma queda de 21,9 pontos percentuais em relação ao percentual (44,2%) encontrado pela POF 2008-2009.
Já a situação de vulnerabilidade existe quando são detectadas perdas equivalentes a, pelo menos, o tamanho de uma dimensão inteira, ou seja, metade da exigência para a classificação na situação de pobreza multidimensional. Em 2017-2018, cerca de 63,8% viviam com algum grau de vulnerabilidade multidimensional, uma proporção menor que os 81,7% encontrados em 2008-2009.
O IPM-NM tem redução de 65%, mas a desigualdade entre os grupos de cor ou raça aumenta. Os distintos graus de pobreza observados foram incorporados ao cálculo do IPM-NM que caiu de 6,7 em 2008-2009 para 2,3 em 2017-2018, uma variação de 65%. O estudo também mostrou quedas nos recortes urbano (de 4,8 para 1,6) e rural (de 15,7 para 6,4).
Dessa forma, a pobreza e a vulnerabilidade foram investigadas considerando a estrutura do domicílio, as condições ambientais do entorno, o acesso à eletricidade e ao esgotamento sanitário, a frequência escolar, a posse de bens duráveis, o uso de serviços financeiros, o tempo gasto no transporte para o trabalho, entre outros itens.
O levantamento também mostra diferenças significativas entre áreas urbanas e rurais. Em 2017-2018, 17,3% pessoas que viviam nas cidades apresentavam algum grau de pobreza. No mesmo período, esse percentual era de 51,1% entre a população rural. No entanto, embora seja mais da metade dos moradores, trata-se de um resultado bastante inferior aos 77,8% registrados em 2008-2009. A queda nas áreas urbanas também foi acentuada: em 2008-009, 37,3% tinham algum grau de pobreza.
Na segunda etapa, os pesquisadores buscaram dados que permitissem entender de forma mais ampla essas mudanças. Dessa forma, foram estabelecidas novas formas de avaliação. A primeira delas foi por meio do Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário (IPM-NM). Ele foca nos casos que envolvem perdas mais severas e busca identificar intensidades de pobreza de cada grupo estudado. Dessa forma, se estabeleceu um ponto de corte: foram consideradas as pessoas com mais de um terço das privações de qualidade de vida que foram reportadas.
(Com informações do IBGE e Agência Brasil)