A Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS) lançou o manual “Segurança de Pedestres” traduzido para o português. O documento foi publicado originalmente em 2013, ano em que as Nações Unidas dedicaram a 2ª Semana Global da Segurança no Trânsito ao pedestre, pela OMS. A publicação enfatiza a importância de uma abordagem abrangente e holística, que inclui engenharia de trânsito, legislação e fiscalização bem como medidas voltadas ao comportamento.
Caminhar é o modo de transporte mais básico e comum de todas as sociedades. Todos os anos mais de 270.000 pedestres perdem suas vidas nas vias. No mundo todo, os pedestres constituem 22% de todas as mortes no trânsito e, em alguns países, essa proporção chega a 2/3. De acordo com o manual, “medidas para segurança de pedestres melhoram o ambiente em que se caminha e contribuem para a renovação urbana, o crescimento econômico local, a coesão social, a melhoria da qualidade do ar e a redução dos efeitos nocivos do ruído sonoro do tráfego”.
No Brasil, a maior parte dos deslocamentos é feito a pé ou de bicicleta, proporção que aumenta quanto menor for a cidade. Mas mesmo nas grandes aglomerações urbanas, como a região Metropolitana de São Paulo, os deslocamentos de pedestres somam, diariamente, mais 12 milhões de viagens. Contudo, é comum que as caminhadas sejam relacionadas mais a uma “falta de transporte” do que um modo de locomoção em si, ignorando as vantagens no ponto de vista econômico e ambiental.
A partir desse cenário, comum a outros países em desenvolvimento, o objetivo da publicação é contribuir o para o fortalecimento da capacidade local para implementar medidas para a segurança de pedestres em todo o mundo e, assim, impulsionar essa prática.
Quanto à estratégia de implementação de novas políticas para pedestres, o manual evidencia que “o custo e a viabilidade não devem ser a única consideração ao escolher as medidas, pois as estratégias que podem ser mais facilmente implementadas podem ter um impacto menor”. Como exemplo, o guia cita a instalação de semáforos de pedestres para aumentar a conscientização. A abordagem mais eficaz, no entanto, seriam mudanças de infraestrutura, como a construção de calçadas e estratégias de gestão de velocidade.
Os acidentes de trânsito matam aproximadamente 1.24 milhão de pessoas a cada ano. Mais de um quinto dessas mortes envolvem pedestres. Os atropelamentos, assim como os demais acidentes de trânsito, não devem ser aceitos como casualidades por serem, na verdade, previsíveis e evitáveis. Os principais fatores de risco para lesões de pedestres causadas pelo trânsito são a velocidade do veículo, a ingestão de álcool pelos motoristas e pedestres, a falta de infraestrutura segura para os pedestres e dificuldades para se ver os pedestres.
O manual descreve a magnitude das mortes e lesões em pedestres; os principais fatores de risco; as formas de avaliação situacional da segurança destes usuários das vias públicas num dado cenário e a elaboração de um plano de ação; além de como selecionar, desenhar, implantar e avaliar medidas preventivas.
A publicação chama também a atenção para os benefícios de caminhar. A prevenção de muitas das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) – como as doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e o diabetes -, que respondem por cerca de 70% das mortes do país, poderia se dar pelo incentivo à prática da atividade física, o que inclui o chamado “transporte ativo” (ciclismo e caminhadas), que ainda tem benefícios ambientais relacionados.
Clique aqui e acesse o manual “Segurança de Pedestres” em português.
Com informações da OPAS/OMS.