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Ousar e enfrentar para transformar as cidades brasileiras

Com temática abrangendo os caminhos para cidades acessíveis e inclusivas, os arquitetos e urbanistas Geraldo Juncal e Gilson Paranhos falaram sobre suas experiências à frente de projetos governamentais em São Paulo e Brasília, respectivamente, no segundo dia do Fórum Internacional HOJE Cidades Sustentáveis, em Olinda (PE). Ambos defenderam a necessidade de o poder público ousar para transformar a sociedade.

 

Experiências em Brasília e em Embu das Artes abordaram assistência técnica e regularização fundiária /Foto: Raul Kawamura

 

Ex-presidente da Cohab São Paulo e ex-secretário municipal de Embu das Artes (SP), Geraldo Juncal apresentou o processo de construção da política urbana, com um plano de habitação em Embu, desde o diagnóstico até a sua execução, principalmente envolvendo as comunidades. “Nosso desafio foi criar uma política com proposta de requalificação urbana da cidade, que funcionasse como estratégia de desenvolvimento sustentável”, disse.

 

Um dos problemas apresentados para avançar na área urbanística é a ausência de um sistema de informações geográficas que permita ter conhecimento sobre o território, algo que foi trabalhado em Embu para consolidação do projeto. Em Pernambuco, ele destacou, apenas 29 cidades dispõem de base cartográfica digital. “Curiosamente, 60% dos municípios assumem ter loteamentos irregularidades, muitos reconhecem a existência de favelas, mas apenas 30 deles executam ações de regularização fundiária”, afirmou.

 

Assistência técnica

 

Questionando o papel do arquiteto e urbanista na construção de cidades inclusivas, o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab/DP), Gilson Paranhos, falou sobre o desconhecimento dos profissionais sobre a sua capacidade de transformação e foi contundente ao afirmar que os gestores públicos precisam ousar e enfrentar para poder mudar. “Se não tiver consciência do risco que corre no cargo, fará mais do mesmo”, disse. O combate à burocracia e a normas criadas sem levar em conta a vivência do espaço público também foram apontadas por ele como essencial.

 

O caminho para a implantação do reconhecido programa de assistência técnica que implantou em Brasília, atualmente já com 10 postos, leva em consideração todos esses pontos. “Está claro que precisamos trabalhar muito, rápido, com eficiência e qualidade para a transformação social”, completou.

 

A estrutura do programa, mantido com recursos públicos, é enxuta: instalações em comunidades, inicialmente em espaço cedido e agora em containers; um arquiteto e dois estagiários. Em breve, irá incluir assistente social e engenheiro ambiental, que atuarão em mais de uma unidade. “Para nós é menos A-4, que representa a burocracia e mais A-0, que simboliza os projetos”, finalizou.

 

A mesa-redonda contou com três debatedores: o prefeito de São Caetano, Jadiel Braga, a diretora de Habitação do Recife, Norah Neves, e a presidente da ONG Habitat para a Humanidade, Socorro Leite. O pesquisador do Inciti/UFPE, Werther Ferraz atuou como mediador.

 

Fonte: CAU/PE

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