O Palácio Capanema, que já foi a sede do Ministério da Educação, no bairro do Castelo, passará a abrigar os escritórios da Ancinee da Funarte, a partir de setembro, o que deve trazer de volta para a região uma intensa movimentação de pessoas, contribuindo para a revitalização do Centro do Rio.
O edifício que há anos está vazio e em obras, foi construído entre 1936 e 1947 e é um marco da arquitetura moderna do Brasil, tendo sido projetado por uma equipe em que estavam Lucio Costa e Oscar Niemeyer, com consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, célebre por seus projetos funcionalistas.
A nova destinação do edifício de certa forma surpreendeu ao mercado imobiliário, pois o Governo Federal chegou a anunciar a intenção de vender o prédio no ano passado, destinando para uso privado um bem que é tombado pelo Iphan, o que certamente iria acabar em processo na Justiça. Como solução alternativa, chegou-se a pensar em uso das instalações por outras entidades públicas, como por exemplo, as Justiças Eleitoral e do Trabalho.
O CAU Brasil e as entidades do CEAU estiveram à frente da luta contra a venda e em defesa da manutenção do prédio como patrimônio da União destinado à cultura. Clique aqui para saber mais.
A transferência para a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e a Funarte (Fundação Nacional das Artes) deve ocorrer em 60 dias, mesmo que parte dos 16 andares do prédio permaneçam ainda em últimos retoques nos meses seguintes. O ato da reinauguração já está definido: será um concerto na Sala Sidney Miller, que pertence à Funarte, numa parceria com a Escola de Música da UFRJ.
A Funarte e a Ancine prometem transferir suas sedes principais para o Capanema, enquanto outros órgãos também devem levar parte de suas estruturas para o edifício, como um gabinete da Secretaria Especial de Cultura. A estratégia, segundo reportagem do jornal O Globo, é ocupar todos os andares com pessoal associado à cultura, eliminando espaços ociosos.
Volta do Capanema ajudará a revitalizar o Centro
O retorno da ocupação do Palácio Capanema deve colaborar para a revitalização do Centro do Rio, inicialmente com a maior circulação de servidores públicos na região do prédio e depois com a atração de visitantes. Para isso há a previsão de abertura de um ou mais restaurantes geridos pela iniciativa privada no terraço-jardim projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, um dos muitos marcos do Capanema, tal qual os painéis de Candido Portinari. O projeto prevê ainda um centro de convenções de grande porte, que possa receber eventos culturais variados.
Tamoio Marcondes, membro da Funarte e coordenador do projeto do Capanema, ressalta o laço entre o Palácio e a cultura. “A verdade é que o Capanema é da cultura, e precisa continuar sendo. Vamos sedimentar o prédio como um grande alicerce cultural da cidade e do país”, afirmou.
Fonte: Diário do Porto, com acréscimos do CAU Brasil