No cenário de elevado adensamento populacional, grande imigração transcontinental e com os antibióticos cada vez mais multirresistentes, o coronavírus encontrou um cenário com pessoas mais vulneráveis o que permitiu sua rápida disseminação pelo planeta. Esta é a análise do doutor Paulo Saldiva, professor de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Brasileira de Ciência e ex-presidente do Instituto de Estudos Avançados da USP.
“As cidades vão ter que ser planejadas no sentido de permitir maior organização do espaço urbano e de moradia para não terem tantos pontos de vulnerabilidade, pois tudo que é pior acontece nas regiões mais pobres”, sentenciou Saldiva durante a videoconferência A volta da cidade e do comércio após a pandemia e a vacina o coronavírus, realizada ontem (6) pelo Conselho de Política Urbana (CPU), o Núcleo de Estudos Socioambientais (NESSA) e o Núcleo de Estudos Urbanos (NEU) da Associação Comercial de São Paulo.
Para o Dr. Paulo Saldiva, as cidades criaram condições de transmissão interpessoal do contágio do coronavírus devido ao seu brutal crescimento e o adensamento populacional. E acrescentou a esse contexto a explosão de viagens em todo o mundo.
“Todo vírus que tiver condições de se adaptar a esse novo cenário terá grandes chances de causar uma pandemia. Uma parte da letalidade do coronavírus é dependente dele mesmo e a outra parte nós que criamos as condições na nossa organização urbana e social”, avalia.
Segundo Saldiva, o risco de morrer do coronavírus varia enormemente em função do território. Como exemplo citou a cidade de São Paulo, que tem hoje uma taxa de mortalidade inferior a 5 mortes em 100 mil pessoas que contraíram o vírus, mas que em outras áreas da região os mortos podem chegar até 100. “Essa enorme variação mostra que o código de endereçamento postal é tão importante quanto o código genético, pois na cidade a vulnerabilidade e a capacidade do indivíduo fazer isolamento muda bastante”, acrescentou.
Sobre o isolamento social nas cidades o patologista avalia que depende muito do nível socioeconômico das pessoas. E, caso seja necessário abrir o comércio, por exemplo, sugere o estímulo maciço do uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPI); uso obrigatório de máscaras; grande disponibilidade de mecanismos para a lavagem das mãos, bem como a melhoria da ventilação interna dos ambientes.
Acesse outras resenhas de webinars e debates sobre CIDADE E HABITAÇÃO PÓS-PANDEMIA em: https://caubr.gov.br/lives-e-webinars-especial-o-futuro-das-cidades-e-habitacoes-pos-pandemia/
7 respostas
Impressionante como todos querem ser protagonistas nesta catástrofe!
Meu comentário no grupo da SQS 312 – março:
“Mas acredito que Brasilia, o que é original do Plano de Lucio Costa vai surpreender!
Graças ao modelo urbano de baixa concentração!
Nossos casos iniciaram por “ viajantes / poder aquisitivo alto com muitas viagens!
Plano Piloto!
Prédios baixos com várias entradas, ventilação geralmente cruzada ! Vazios ajardinados!
Necessidades cotidianas que encontramos na superquadra e nas adjacentes!
Águas Claras – oposto – altíssima densidade – vamos esperar para ver se a diferença urbana tb se refletirá no número de infectados!”
Assim : assisti recentemente o documentário SAUDADES do FUTURO , tanto profissional falando do que conhecem por fora!
LEMBREI-ME DAS MEDIDAS SANITÁRIAS QUE ESTIMULARAM O RECUO NAS LATERAIS DOS TERRENOS UMA VEZ QUE NOSSA ARQUITETURA DO PERÍODO COLONIAL PREDOMINAVA AS MORADIAS GEMINADAS PROPÍCIAS A PROLIFERAÇÃO DE DOENÇAS.NÃO FALTA PROPOSTAS E LEIS PARA ISSO SE CONSIDERARMOS ESTATUTOS, PLANOS DIRETORES, ETC. FALTA VONTADE POLÍTICA.
Adensamento é tudo o q prefeitos querem e muitos urbanistas defendem. O custo da urbanização é muito alto fora do adensamento e as prefeituras pequenas não exigem água e luz, raramente pavimentação do loteador.
Por este Conselho,como representante de uma classe de profissionais,como nos, nao denuncia os prefeitos desse pais a respeito do clientelismo de ocupacoes;em areas criticas de moradia??
Situacoes de catastrofes anunciadas todos os anos e agora,com a pandemia do Corona virus expoe a desordem urbana aceita nesse Pais??
Viviana, pedimos que por favor envie sua sugestão por meio da Ouvidoria do CAU/BR em https://caubr.gov.br/ouvidoria/
POR TUDO ISSO E QUE DEVEMOS ESCOLHER EM QIEM VOTAR PARA PREFEITO E VEREADOR NÃO VOTANDO E! CANDIDATOS QUE NUNCA OUVIRA! FALAR E! PLANO DIRETOR, ESTAÇÃO DE TRATAMENTO, ETC.