ARQUITETOS EM DESTAQUE

Paulo Mendes da Rocha e o compromisso com a arquitetura transformadora

Paulo Mendes da Rocha

 

O legado de um dos arquitetos brasileiros mais proeminentes foi lembrado nesta segunda-feira, 25 de outubro. A data marca o 93º aniversário de nascimento de Paulo Mendes da Rocha. Vencedor de alguns dos principais prêmios internacionais de arquitetura, dentre os quais o Pritzker, o Leão de Ouro de Veneza, o Praemium Imperiale da Família Real Japonesa e a Medalha de Ouro da UIA, Mendes da Rocha também é recordado como orador eloquente e projetista comprometido com a responsabilidade da transformação por meio do desenho urbano.  

 

Foi a partir da projeção internacional, em meados dos anos 90, que a obra do capixaba radicado em São Paulo passou a ganhar destaque também no Brasil. São de Mendes da Rocha os projetos do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), a reforma da Pinacoteca do Estado (com Eduardo Colonelli), e o Museu da Língua Portuguesa, assinado com o filho Pedro Mendes da Rocha. 

 

Para reconstituir a trajetória e a contribuição singular de Mendes da Rocha, foram convidados dois expoentes da arquitetura brasileira e paraguaia: o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), Angelo Bucci, e o arquiteto Solano Benitez. A mesa teve apresentação do embaixador do Brasil no Paraguai, Flávio S. Damico, e contou ainda com a mediação do Embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Côrrea do Lago, primeiro brasileiro a fazer parte do júri do Prêmio Pritzker, em 2017. 

 

Angelo Bucci

 

 

Côrrea do Lago destacou a relevância de Paulo Mendes da Rocha para o fortalecimento da escola paulista de arquitetura e para a diversificação da visibilidade brasileira junto à comunidade arquitetônica mundial, que durante muito tempo se concentrou na figura de Oscar Niemeyer. 

 

Solano Benítez

Ao recordar o mestre, Solano Benitez destacou o compromisso do arquiteto brasileiro com o seu idealismo. “Ele reconhecia perfeitamente que uma sociedade que se pretenda distinta não pode ocorrer sem se superar culturalmente”, disse. Diante deste desafio, segundo Benitez, Mendes da Rocha fazia uso do pensamento crítico sobre a realidade e do lirismo como ferramenta para imaginar possibilidades de superação dos problemas impostos pela ocupação do espaço. “O pensamento crítico que fazia Paulo era à nossa condição de permanência neste planeta e da nossa capacidade de transformá-lo para poder, finalmente, aspirar a um horizonte de paz”. E completou: “Esta nostalgia da presença de Paulo tem, para mim, uma repercussão muito forte por que eu sou consciente de que o lugar dos mortos é nos lábios dos vivos”, afirmou. 

 

Angelo Bucci destacou os traços do professor Mendes da Rocha, ressaltando a coerência como característica intelectual que marcava a personalidade do homenageado. Como exemplo, recordou o episódio do afastamento da USP. Junto com Vilanova Artigas, Mendes da Rocha foi um dos professores que teve o direito à docência cassado pelo governo militar em 1969, e apenas nos anos 80 retomou as atividades na FAUUSP. “Foi um período longo o suficiente para que alguns não sobrevivessem e duro o suficiente para que muitos deixassem de acreditar no que vinham acreditando. E Paulo atravessou isso sem se desacreditar de si mesmo. Voltou à universidade em uma posição mais baixa, mas acreditando e desenhando do mesmo modo. Não se desfez dos ideais e dos princípios que o guiavam”, contou.  

 

 

A Mesa Redonda Tributo a Mendes da Rocha foi transmitida ao vivo e está disponível no canal do Centro de Estudios Brasileños no Youtube. 

 

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