Com potencial para baratear e simplificar edificações sustentáveis, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão testando um protótipo de habitação feita com peças modulares de madeira em formato ogival, inspirado nas ocas indígenas. O sucesso da apresentação do modelo representa mais um passo na direção de uma solução comercializável.
A presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU/MT), Lise Bokorni, destaca a importância da ação para a sociedade. “É uma pesquisa de alto nível, com baixo custo e muita efetividade. Significa o impulsionamento na inovação em arquitetura sustentável. Por isso, incentivamos a ação, para que possa ser aplicada em projetos futuros”, considera.
O formato ogival foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa Tecnoindia, a partir de estudos sobre habitações tradicionais indígenas. Esse desenho foi utilizado de forma comercial em concreto e aço, como no caso do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, mas a sua construção a partir de módulos de madeira “pré-moldados” representa uma nova etapa da pesquisa.
“São módulos feitos em tábuas de 2,5m por 30cm, cortadas já para criar o formato de ogiva e com os furos feitos para instalação de parafusos e travamentos necessários, permitindo construir com facilidade. Já fizemos a prova de carga, então agora vamos trabalhar com os tipos de cobertura e fechamento, mas o principal, que é a estrutura, já está funcionando”, explica um dos responsáveis pelo projeto, professor José Afonso Portocarrero.
Para o pesquisador, além da possibilidade de uma construção sustentável de fácil utilização, incluindo a possibilidade de ser utilizada como habitações de emergência, a tecnologia representa uma valorização do conhecimento indígena. “Estamos avaliando os custos ainda, mas a princípio está ficando em um valor bem acessível”, completou.
Sobre os próximos passos para que a tecnologia se torne acessível fora da Academia, o diretor do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT), professor Raoni Teixeira, explica que ainda são necessários testes e interesse do setor produtivo. “O trabalho do EIT é fazer a ponte entre os pesquisadores e o setor produtivo, dando o suporte necessário para a transferência de tecnologia. Neste caso, ainda precisamos entender qual será o melhor material, resolver as características de engenharia, e em seguida avançar na questão de custos, para demonstrar como isso pode ser valioso para a população”, concluiu.
A pesquisa tem apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), que, para o protótipo, forneceu a madeira e o corte de precisão das tábuas.
(Com informações do CAU/MT e da Ascom-UFMT)