Na 137ª Reunião Plenária do CAU Brasil realizada em São Luís (MA), conselheiros federais receberam dois importantes convidados para discussões sobre sustentabilidade e reforma tributária. O presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), José Luís Cortés, e o deputado federal Joaquim Passarinho trouxeram uma visão ampliada sobre algumas das questões enfrentadas pela profissão e destacaram a importância da união e participação dos arquitetos e urbanistas na política.
Note-se que o Brasil recebeu a visita do presidente da UIA dias antes do evento mais esperado da área, revelando a importância do nosso país no cenário internacional. O 28º Congresso Mundial de Arquitetos (UIACPH2023) vai acontecer de 3 a 7 de julho em Copenhagen, na Dinamarca. O Brasil será representado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pelo CAU Brasil e pelas demais entidades do CEAU, levando projetos e informações sobre a Arquitetura e Urbanismo na Amazônia.
O mexicano José Luís Cortés iniciou sua fala relembrando as origens da UIA. “Em 1948, arquitetos de 120 países se juntaram com o objetivo de reconstruir o patrimônio e as habitações europeias após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, o desafio é unir forças para combater a descarbonização e controlar as emissões tóxicas, visando melhorar a qualidade de vida para todos”, disse. “Estamos trabalhando de maneira muito integrada com todas as organizações de arquitetos e urbanistas no país. Por que é importante fazer parte de uma organização de arquitetos? A única mandeira de defender os princípios da Arquitetura é nos unindo”.
O presidente da UIA destacou o papel do Brasil como um dos países mais solidários dentro da UIA. “Vocês devem ter muito orgulho de seus papeis como conselheiros do CAU e líderes da profissão. Essa função lhes permite trocar e acumular conhecimento, por isso a importância de sermos generosos e ajudar as pessoas”, afimou.
MUDANÇAS À VISTA
Segundo Cortés, nos próximos anos será preciso mudar o fazer arquitetônico e o desenho das cidades por causa dos avanços tecnológicos. “O mundo inteiro está exigindo uma participação mais forte de nós arquitetos. Precisamos ser mais ativos, mudar nossa forma de atuar”, disse. Ele enfatizou que o trabalho em conjunto, aliado a outras disciplinas e profissionais, é essencial para enfrentar desafios como as mudanças climáticas e a sustentabilidade.
“Precisamos definir o que queremos fazer com esse planeta. Mas não sozinhos. Temos que nos aliar a outras disciplinas, desenvolver um olhar holístico, trabalhar com os empreendendorres imobiliários, com os gestores públicos, com os demais profissionais”, afirmou. “Precisamos ter mais ferramentas, desenvolver novas habilidades.”
A presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, concordou com colega mexicano sobre a importância de estar conectado com o mundo e transmitir ao mundo a necessidade do trabalho dos arquitetos. “Precisamos transmitir ao mundo que o trabalho dos arquitetos e necessário. Nosso esforço é para proteger a sociedade. É isso que estamos fazendo aqui no Brasil”, disse.
O conselheiro José Gerardo Fonseca ressaltou a mudança na forma como o CAU Brasil foi recebido internacionalmente na Conferência A’23, promovida pelo American Institute os Architects (AIA) nos Estados Unidos. “Senti uma grande diferença no tratamente desta vez. Já somos reconhecidos como um incentivador da Arquitetura Social. Conquistamos um espaço para nos posicionar no mercado internacional”, afirmou.
ARQUITETOS NA POLÍTICA
O deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), é um dos principais defensores da Arquitetura e Urbanismo no Congresso Nacional. Arquiteto e urbanista de formação, ele comemorou a inserção da Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) na proposta do novo programa “Minha Casa, Minha Vida”. “Depois de tanta luta, finalmente vamos conseguir trabalhar a Arquitetura Popular como política pública nacional. Temos muito profissionais que podem ajudar, mas não temos ninguém contratado nas prefeituras para fazer esse acompanhamento nas comunidades. Esse é um serviço público de humanização das cidades brasileiras”, afirmou.
Ele também trouxe ao Plenário do CAU Brasil a sua preocupação com a reforma tributária em andamento no Congresso Nacional e sua potencial repercussão para os arquitetos. Segundo ele, os prestadores de serviços devem ser os mais impactados pela criação de uma tarifa média para vários setores.
Passarinho enfatizou a necessidade de melhorar a representatividade da profissão nas próximas eleições. “Somos só quatro arquitetos no Congresso, em meio a 513 deputados. Precisamos melhorar isso nas próximas eleições. Se não nos impusermos, não seremos lembrados”, afirmou.
Veja a íntegra da 137ª Reunião Plenária:
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