A Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa (CPLP) vai encontrar-se, novamente, na Semana CIHEL (Congresso Internacional de Habitação no Espaço Lusófono), que se realizará entre os dias 5 e 10 de março, em Portugal, sob organização da Câmara Municipal do Porto e da Universidade da Beira Interior, na cidade de Covilhã, bem junto à Serra da Estrela, um dos pontos mais altos do país. A Semana engloba as 1as. Conferências CIHEL, nos dias 5 e 6, no Porto; o 4.º CIHEL em Covilhã, entre os dias 7 e 9 ; e visitas às cidades do Porto, Viseu, Fundão e Aldeias Históricas e do Xisto.
O congresso é a parte científica da Semana. O objetivo, nessa edição, é a discussão de temáticas do habitat humano, desta vez sob o título global “A cidade habitada”. Segundo seu coordenador, António Baptista Coelho, “a discussão ajuda a evitar a repetição, em determinadas realidades nacionais e geográficas, de soluções problemáticas, já aplicadas em outras regiões, onde se fala a mesma língua e onde haverá, no mínimo, uma significativa base cultural comum”. A temática será estruturada em seis matérias: assentamentos humanos, modos de habitar, modelos de urbanização nos espaços da lusofonia, novas territorialidades e áreas de alta e baixa densidade, reabilitação urbana, resiliência na construção.
O evento retomará as ideias lançadas no 1º. CIHEL que considerou que a qualidade e o bem-estar de quem “habita” (da habitação à cidade) não se baseia apenas no alojamento mínimo concretizado, por exemplo, em um edifício sem qualidade arquitetônica e situado numa zona sem espaços públicos e afastada da vida urbana. “O “bem habitar” uma “boa cidade” depende de aspectos quantitativos e qualitativos, vive-se tanto no espaço doméstico, como na vizinhança, no espaço público, na cidade, no território em que esta se insere”.

O 4º. CIEHL pretende fazer uma reflexão a respeito, a partir dos problemas críticos criados, como condições de habitabilidade do espaço doméstico bem abaixo de quaisquer níveis e condições razoáveis. Serão abordadas, entre outros aspectos, as escolhas tipológicas habitacionais sem qualquer sentido e continuidade urbana, a doentia repetição de projetos-padrão e a ausência de cuidados sociais prévios e de gestão posterior.
O congresso recebeu mais de 350 propostas de comunicações sob forma de resumos e mais de 180 comunicações completas. O presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, foi convidado para fazer parte da Comissão de Honra do Congresso e da Semana.
A EVOLUÇÃO DO CIHEL:
O 1.º CIHEL ocorreu decorreu em Lisboa, no Centro de Congressos do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), e foi diretamente organizado pelo Departamento de Arquitectura e Urbanismo do (Escola de Tecnologias e Arquitetura) do ISCTE, com apoio do Grupo Habitar, entre 22 e 24 de setembro de 2010. O tema central foi o “Desenho e realização de bairros para populações com baixos rendimentos”.
O evento contou com cerca de 200 participantes, 5 conferências e 60 comunicações, mais um workshop de projeto, que antecedeu o Congresso e feira do livro técnico. A palestra inaugural foi proferida pelo arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima (Lelé).

O 2.º CIHEL foi organizado em associação com o 1.º Congresso da Construção e Reabilitação Sustentável de Edifícios no Espaço Lusófono (1.º CCRSEL). Os eventos ocorreram em Lisboa, entre 12 e 15 de março de 2013, no Centro de Congressos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. A organização ficou a cargo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa (FCT-UNL), com apoio do Grupo Habitar (hoje GHabitar). O tema central do 2.º CIHEL e do 1.º CCRSEEL foi direcionado para uma abordagem ampla e multifacetada da temática “Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento”.
O 2.º CIHEL e 1.º CCRSEEL contaram com cerca de 350 participantes, 16 conferências, 140 comunicações, dois workshops que antecederam o Congresso, visitas técnicas e lançamento de livros.
O 3.º CIHEL foi realizado em São Paulo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-Maranhão), organizado por ambas e pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos (IAU-USP), com a GHabitar, entre 8 e 11 de setembro de 2015. O tema central do 3.º CIHEL foi “Habitação: Urbanismo, Cultura e Ecologia dos Lugares”.
O 3.º CIHEL contou com cerca de 300 participantes, 12 conferências no âmbito de mesas redondas, 110 comunicações, visitas técnicas, lançamento de livros, feira do livro técnico e um Concurso de Trabalhos Finais de Graduação para habitação de Interesse Social (30 concorrentes).
RICO PATRIMÔNIO – Conforme o coordenador António Baptista Coelho, o 4.º CIHEL indica a perspetiva de crescimento da importância do Congresso e do nível de participação no mesmo, diante do incremento das parcerias com diversos municípios/prefeituras, “desenvolvendo-se, assim, uma vital ligação à sociedade e mantendo-se e reforçando-se os laços universitários e de investigação/pesquisa”.

“E é nesta perspetiva que julgamos ter chegado a um ponto positivo na atividade do CIHEL, seja porque contamos, neste momento, com um muto rico patrimônio de trabalhos científicos e técnicos que podem e devem ser devidamente aproveitados e positivamente explorados (cerca de 500 trabalhos), seja porque se tem constituido, crescendo gradualmente a cada congresso, uma verdadeira “bolsa” de técnicos e pesquisadores ao CIHEL e especialmente ao seu Secretariado Permanente. Ou seja, começa a ser consenso entre muitos daqueles que têm assegurado a vitalidade do CIHEL, que esta iniciativa tem claro potencial para agregar à manutenção da sua dinamização de Congressos e Conferências um papel formativo e informativo, igualmente útil e dinâmico, mas realizado de uma forma, a definir, mas talvez mais continuada e disseminada, e que poderá decorrer, diretamente, da atividade do Secretariado Permanente do CIHEL, que nesta 4.ª edição do Congresso irá, novamente, crescer e enriquecer-se”.
Mais informações:
Publicado em 17/01/2017, atualizado em 20/01/2017
Uma resposta
Sugiro aos participantes e representantes do Brasil, e de todas as instâncias representativas de nossa atividade na área da Arquitetura e Urbaniosmo e Paisagismo, que façam um máximo empenho no sentido, de “desmanchar”, esta péssima idéia do programa Minha Casa Minha Vida(MCMV), colocado em prática nos últimos governos populistas.
É fato,que este programa não representa, em termos de “urbanidade e qualidade”, uma construção de cidadania, no amplo valor do que trata os ensinamentos atuais de uma vida correlacionada e interativa,com as melhores soluções urbanísticas para as várias tipologias e classes sociais, que são direcionadas a estes “falsos programas sociais”.
As construções são de baixa qualidade, a tal ponto que na espera da entrega final,e das vistorias legais, os imóveis ou são “ocupados”, ou deterioram-se velozmente.
Seria vital,que este tema,fosse tratado como de relevância, principalmente no que tange ao brasil, e suas governanças locais,em todos os níveis.
Assim, desejo que seja retirada uma Carta de Covilhã, visto me parecer de sumo valor, a realização deste evento onde a Língua Portuguesa, pode ser o elo,entre as personalidades da área do urbanismo.Não pode existir uma “Cidade habitada”, se não houver um “habitante que não esteja preparado para habitar,viver e criar”, neste novo espaço.A relação deve ser de equilíbrio total.Inclusive quanto ao meio ambiente.
Sucesso a todos os participantes, em especial a comissão do CAU/BR, e seu presidente Arq.Urb.Haroldo Pinheiro, a quem deposito a missão de tentar dialogar e obter, no encontro,quem sabe uma perspectiva melhor para o tratamento destes espaços, onde os ocupantes são atirados em algo chamado de “minha casa”.
Abraço a todos.