A Prefeitura de Salvador, por meio de sua Fundação Gregório de Mattos (FGM), publicou em 17 de dezembro de 2020, no Diário Oficial do Município, o Decreto Nº 33.293 de 10 de dezembro de 2020, aprovando o tombamento da Igreja da Ascensão do Senhor, localizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB), inaugurada em março de 1975.
“Celebramos o tombamento Municipal desse templo, que merece proteção e reconhecimento enquanto exemplar representativo da arquitetura moderna na Bahia, alcançando também destaque enquanto elemento representativo da obra de Lelé. Integrado à paisagem bucólica, resguarda simplicidade e leveza nas suas linhas, destituídas de elementos decorativos, inspirando espiritualidade nos ambientes que a conforma e fortalecendo a percepção do seu caráter singular’’, exclama Milena Tavares, Diretora de Patrimônio e Humanidades da FGM.
O processo de tombamento, iniciado em julho de 2017, foi fundamentado por um abaixo-assinado encabeçado por entidades responsáveis, com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município (8.550/2014). Segundo o próprio decreto, a Igreja “reserva aspectos arquitetônicos singulares, valor histórico relevante para o Movimento Moderno e valor artístico e paisagístico significativo, relacionando-se ‘com as suas potentes soluções volumétricas, espaciais, materiais e imateriais, presentes nos distintos recintos que compõem o edifício (nave, batistério/Capela do Santíssimo e a residência dos padres) e nas significativas relações que estabelece com a paisagem circundante’”. Acompanhe dossiê completo de tombamento.
Para Luiz Antônio de Souza, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB-BA), o ocorrido significa proteção essencial: “(…) Por isso nos posicionamos a favor do tombamento, juntamente com a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia [FAUFBA], o Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia [CAU-BA], o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN] e outras entidades”, pontua, destacando que a “obra possui arquitetura singular, cuja narrativa desperta e orquestra emoções e sentidos”.
Sabe-se que o edifício se compõe de batistério, Capela do Santíssimo, residência dos padres e, claro, nave com 12 peças estruturais de concreto armado, constituídas por fundações, pilares, capiteis e as famosas lajes de cobertura, denominadas pelo próprio Lelé como as “pétalas” da Igreja. Junto do arquiteto, destacam-se grandes nomes para composição do projeto como um todo, a saber: Dimitri Tavares Vila Nova, Jacó Sanowicz, José Luiz Menezes, Kristian Schiell, Marco Antônio Pinheiro, Oswaldo Cintra de Carvalho, Rubens Lara Arruda, Roberto Vitorino e Athos Bulcão, responsável pelo painel que delimita o santuário da nave.
Formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura (FNA), em 1955, na então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro – hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) -, João Filgueiras Lima mudou-se para Brasília em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da nova capital federal. Entre 1962 e 1965, atuou na Universidade de Brasília (UnB) e, após pedir demissão junto a 209 profissionais da instituição, seguiu para o leste-europeu, onde aprofundou seus conhecimentos em arquitetura pré-fabricada, métodos que marcam seu extenso trabalho, sobretudo, na especialidade em desenvolver projetos hospitalares com primazia – destaca-se os da Rede Sarah Kubitschek.
Fonte: Revista Projeto