Paris foi palco de intensos debates sobre o futuro das cidades com as crises democrática e climática que enfrentamos. No evento “Cidades em tempos de crises democráticas e climáticas – VII Diálogos Franco-Lusófonos”, a presidente CAU Brasil, Nadia Somekh, mostrou como os arquitetos e urbanistas brasileiros podem ser verdadeiros agentes de mudança, impactando diretamente a vida da população mais pobre.
Na mesa de abertura, ao lado da renomada socióloga Sabrina Bresson, da Escola Nacional da França Paris Val de Seine, Nadia divulgou as ações de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) promovidas pelo CAU Brasil e pelos CAU/UF. Destacou que sua pesquisa acadêmica evidenciou como a regulação urbanística resultou em 25 milhões de moradias inadequadas no país.
Reforçou ainda os projetos do CAU em parceria com o Governo Federal, o Congresso Nacional, os prefeitos e toda a sociedade, para mostrar que os arquitetos e urbanistas são profissionais de saúde pública, dedicados a melhorar a qualidade de vida dos mais vulneráveis.
“Minha atuação profissional se desdobra em três papéis: primeiro, o de arquiteta e urbanista e gestora pública. Depois, o de professora e pesquisadora. E o de militante da Arquitetura e Urbanismo e presidente do CAU Brasil”, afirmou. “Tudo isso se integra dentro da nossa proposta de popularização da ATHIS”.
DEFESA DO PATRIMÔNIO
Nadia Somekh também integrou a primeira mesa-redonda do evento, “Políticas Urbanas e Democracia, Perspectivas Brasileiras”, que tratou dos desenvolvimentos institucionais das cidades brasileiras. Na oportunidade, Nadia falou da estreita colaboração do CAU Brasil com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em ações como a Jornada do Patrimônio e o desenvolvimento de ATHIS em imóveis tombados. “É muito importante a participação dos arquitetos e urbanistas na construção de políticas públicas”, disse.
Esta mesa redonda contou com a participação de diversos pesquisadores brasileiros da área: os arquitetos e urbanistas Ana Fernandes (Universidade Federal da Bahia) e João Sette Whitaker Ferreira (Universidade de São Paulo) e o engenheiro civil Francisco De Assis Comarú (Universidade Federal do ABC).
O CAU Brasil também foi representado pela conselheira suplente Ana Cláudia Cardoso, que fez uma palestra sobre a inadequação das políticas urbanas nas cidades amazônicas. Ela criticou os equívocos da utilização de padrões de urbanização europeu (comuns no Sul e Sudeste do país) para responder à realidade climática, geográfica, social e ambiental do território amazônico. Após a palestra, ela participou de um debate com o geógrafo senegalês Momar Diongue (Universdade Cheikh Anta Diop de Dakar).
No evento em Paris, o CAU Brasil consolidou ainda mais seu protagonismo na busca por soluções urbanas efetivas e sustentáveis. De lá, Nadia Somekh e Ana Claudia Cardoso seguem para Copenhagen (Dinamarca) para integrar a missão brasileira que representará o Brasil no Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2023CPH), que acontece entre os dias 3 e 7 de julho.