“Privatizar o Palácio Capanema reformado e sua praça mostraria uma constrangedora falta de educação e cultura, um falso senso de economia e uma assustadora imprevidência configurando um crime contra o patrimônio nacional e mundial” – assim se manifestam o DOCOMOMO Internacional (Comitê Internacional de Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno) e do Brasil no abaixo-assinado PATRIMÔNIO SITIADO NO BRASIL que começou a circular nas redes sociais no fim-de-semana.
O documento acentua que, pelo seu destacado valor universal, o Palácio foi incluído na lista apresentada pelo Brasil para indicação de Patrimônio Mundial da UNESCO.
O manifesto ressalta que o prédio – temporariamente desocupado em razão das obras de seu restauro – abriga unidades de cultura, como o próprio IPHAN, além de auditório, galeria de exposições, biblioteca e atividades e eventos relevantes realizados na área entre os pilotis. Tratar o edifício como se fosse apenas uma laje de escritório comum e vazia “é uma proposta absurda, visto que o Palácio Capanema é um ícone de valor incalculável apenas momentaneamente fechado para a reabilitação dos seus salões, passeios e jardins. O antigo Ministério da Educação e Cultura não é um elefante branco”.
As unidades foram transferidas para espaços alugados. Esperava-se que retornassem após a conclusão da restauração e o edifício recuperasse seu status de Palácio da Cultura aberto a todos: um local de estudo, pesquisa, diálogo e encontros públicos, um símbolo persistente de progressista, bela, e modernidade generosa, no Brasil e no exterior”.
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Eis a íntegra do Manifesto
PATRIMÔNIO SITIADO NO BRASIL
Através do Ministério da Economia e do Ministério do Trabalho e Previdência, o Governo Bolsonaro quer privatizar um conjunto de propriedades pertencentes à União. A “estrela do leilão” é o Palácio Capanema, que foi sede do Ministério da Educação e Saúde, depois Educação e Cultura, até a capital se mudar para Brasília. Uma iniciativa do ministro Gustavo Capanema apoiada pelo Governo Vargas, é notável pelas inovações estéticas, técnicas, paisagísticas e urbanas, um marco da arquitetura moderna no Brasil e no mundo, é uma obra-prima da arte do século XX reconhecida internacionalmente.
Uma equipe excepcionalmente talentosa trabalhou no projeto e construção do Ministério de 1936 a 1945. Os arquitetos foram Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão e Ernani Vasconcellos. Le Corbusier atuou brevemente como consultor. Seus jardins foram projetados por Burle Marx, painéis externos de azulejos de Portinari, tapetes de Niemeyer, esculturas de Bruno Giorgi, Adriana Janacópulos, Lipchitz e Celso Antônio. O engenheiro estrutural era Emilio Baumgart. O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – inscreveu-se no Ministério em 1948. Destacado valor universal justifica sua inclusão na lista apresentada pelo Brasil para indicação de Patrimônio Mundial da UNESCO.
O edifício manteve seu significado após a mudança da capital. Continuou a abrigar unidades do setor da cultura, algumas do próprio IPHAN – como uma Escola Patrimônio da UNESCO ao serviço da América do Sul e da África de Língua Portuguesa. Auditório, galeria de exposições, biblioteca e até os pilotis sob a galeria continuaram recebendo atividades e eventos relevantes para especialistas e também para o público em geral. Em 2017, o prédio foi fechado para reformas urgentes. As unidades foram transferidas para espaços alugados. Esperava-se que retornassem após a conclusão da restauração e o edifício recuperasse seu status de Palácio da Cultura aberto a todos: um local de estudo, pesquisa, diálogo e encontros públicos, um símbolo persistente de progressista, bela, e modernidade generosa, no Brasil e no exterior.
Mas isso pode não acontecer. O prédio está sitiado, como se fosse apenas uma laje de escritório comum e vazia. Esta é uma proposta absurda, visto que o Palácio Capanema é um ícone de valor incalculável apenas momentaneamente fechado para a reabilitação dos seus salões, passeios e jardins. O antigo Ministério da Educação e Cultura não é um elefante branco. Incorpora memórias do passado e esperanças para o futuro, pelo que representa e permite, inclusive utilizações turísticas. Privatizar o palácio reformado e sua praça mostraria uma constrangedora falta de educação e cultura, um falso senso de economia e uma assustadora imprevidência configurando um crime contra o patrimônio nacional e mundial.
Crimes desse tipo não podem ser encobertos, apenas prevenidos ou punidos.
O Capanema é nosso.
ANA TOSTÕES. Presidente, DOCOMOMO International
RENATO DA GAMA-ROSA COSTA. Presidente, DOCOMOMO Brasil
Outro organismo internacional que se manifestou em defesa da manutenção do caráter público do edifício foi o Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP).
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2 respostas
Vou ser breve; acho que, parece complexo o assunto, mas com sabedoria pode ser resolvido! Sou contra empurrarem tudo pro Erário, se atualmente o local não está sendo usado, que achem uma serventia. O Museu Nacional da Quinta da Boavista teve um bom uso, mas infelizmente, na mão da UFRJ, gerenciado por certo Partido, que vou omitir o nome pra não começarem a me rotular; estou pouco ligando! Deu naquele incêndio infame. Vamos lá; o Palácio poderia pertencer ao CAU Brasil e até ser a nossa Sede Rio de Janeiro! Quantas Entidades ligadas a Arquitetura temos, que poderiam se juntar num mesmo imóvel? Mais ideias, só sobre estudo. E vai ter que achar um jeito de gradear em torno do prédio, algo compatível com o local; sei qual foi à idéia dos Arquitetos na época, mas não dá, com o Mundo de hoje, violento e mal-educado continuar a servir de passagem de pessoas por dentro do terreno.
Baseado em quê querem manter isso gerenciado pelo funcionalismo público?? O CAU tá fazendo o quê de útil com a grana que recebe, é só blá blá blá pomposo e nada de realmente significante para nosso dia a dia. Ficam selecionando manchete de jornaleco e enviando para nosso email… estou esperando capacitações, palestras, marketing para valorizar nossos serviços, concursos com salários decentes, iniciativas para desburocratizar e padronizar aprovações de projetos, encontros regionais com temas ÚTEIS.