ARQUITETURA E SAÚDE

Projeto de palafitas destaca arquiteta brasileira na lista Under 30 da revista Forbes

 

A arquiteta e urbanista Danielle Khoury Gregorio conquistou destaque na edição especial “Under 30”, da Revista Forbes, na categoria “Arquitetura, Design e Urbanismo”. O projeto que rendeu o reconhecimento é baseado na arquitetura tradicional dos povos ribeirinhos da Amazônia e foi desenvolvido como trabalho final de graduação em 2019 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). A pesquisa contou com orientação da professora Helena Ayoub e também conquistou outros prêmios nacionais e internacionais.

 

Considerando características típicas do território amazônico, em que o rio estrutura a ocupação humana, o projeto apresenta um conjunto de habitações sociais junto ao Igarapé do Quarenta, em Manaus. Na região, os moradores vivem em palafitas sob constante risco de inundação ou desmoronamento. Além de unidades habitacionais seguras, a proposta prevê equipamentos sociais, comércio, serviços e a conexão com o outro lado do rio, integrando o edifício com as áreas de lazer na margem oposta. 

 

 

Cerca de 500 mil habitantes, o que equivale a quase 20% da população amazônica, é formada por ribeirinhos, moradores de descendência majoritariamente indígena. Para chegar ao projeto, a arquiteta fez um estudo das características históricas e geográficas e levou em consideração a cultura, a paisagem e os materiais construtivos disponíveis. “A arquitetura ribeirinha é resultado de conhecimentos transmitidos por diversas gerações e que manifestam soluções técnicas capazes de resolver problemas fundamentais para enfrentar a sobrevivência na Floresta Amazônica”, diz na pesquisa. Como exemplo de tecnologia desenvolvida para atender à complexidade das construções, ela cita o uso das toras de acaçu. A madeira local leve, de pouca densidade e alta durabilidade oferece base para as habitações flutuantes. 

 

 

Resgatar os elementos arquitetônicos tradicionais para propor soluções aos problemas de habitação da região amazônica foi um estímulo que surgiu ainda durante a graduação, a partir das aulas da professora paraense Karina Leitão, segundo Danielle. “A substituição desses conhecimentos por fórmulas genéricas difundidas pelo Brasil se mostra como uma violência cultural, que elimina saberes desenvolvidos pelo povo local”, completa. 

 

A arquiteta conta que encontrou poucas produções sobre o tema. “Tive um pouco de dificuldade na primeira fase da pesquisa para o TCC. Havia bastante material sobre a vida ribeirinha, mas não muito sobre detalhes construtivos”, lembra. Já na segunda fase da pesquisa, em que contou com recursos da bolsa oferecida pela Holcim Foundation, uma das premiações que recebeu pelo projeto, teve oportunidade de viver durante um mês nas comunidades flutuantes do Catalão e de Xiborena, em Iranduba, cidade próxima a Manaus. 

 

O trabalho recebeu o primeiro lugar no prêmio ENANPARQ 2020, em Brasília; na premiação internacional IE School of Architecture and Design Prize – Madrid; e no Holcim Awards – Next Generation First Prize Latin America, a mais importante distinção para design sustentável do mundo. Também foi selecionado entre os melhores TCCs do Brasil e Portugal pelo Archdaily Brasil e foi destaque em duas publicações: o livro World Arch-student Best Project Selection Book, da editora sul-coreana Archiworld Magazine; e na revista francesa L’Architecture d’Aujourd ́hui (Hors-Série. The next gen of sustainable construction). A iniciativa mereceu ainda moção de parabenização pela Câmara Municipal de Manaus. 

 

Conheça o projeto

 

A Forbes Under 30 é uma plataforma que destaca anualmente o trabalho de seis jovens inovadores em quinze diferentes categorias.  Além de Danielle Gregorio, a categoria “Arquitetura, Design e Urbanismo” também destaca os nomes dos arquitetos e urbanistas Mateus Ferraretto, Rubens Stuque, Lucas Recchia e Quintino Facci.

 

 

 

 

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