
Habitação foi o tema central da última edição da revista inglesa The Economist. O artigo “O erro da habitação: a propriedade de casas é o maior erro político e econômico do Ocidente” apareceu na capa da edição impressa da publicação, do dia 16 de janeiro. O texto afirma que a posse de habitação é a raiz dos principais problemas econômicos do mundo contemporâneo, causando recessão financeira e acentuando a disparidade econômica, geográfica e etária. Segundo a publicação, a compra de propriedades foi incentivada por políticas públicas da década de 1950 – enquanto políticos de direita viam a propriedade como incentivo à cidadania responsável, os de esquerda acreditavam que a habitação era um canal de redistribuição de renda.
Desde então, os governos usaram subsídios, incentivos fiscais e vendas de moradias públicas para incentivar a ocupação pelos proprietários em relação ao aluguel. O comércio de casas, como resultado, causou quebras repentinas e doenças crônicas no sistema econômico. Foi a dívida de mais de um trilhão de dólares de empréstimos hipotecários que causou a quebra do sistema financeiro em 2008. O problema da habitação é agravado por cidades sem espaço para crescer, proprietários que mantêm casas maiores do que o necessário e jovens que não podem alugar ou comprar moradias. Na raiz dessa crise estão as políticas que dificultam a construção em áreas de concentração de empregos.
A análise de dados do The Economist sugere que o número de novas casas construídas por pessoa no mundo rico caiu pela metade desde os anos 1960. As políticas públicas – que protegem os já proprietários e impedem a construção dos prédios que a economia moderna necessita – resultam em aluguéis e preços muito altos para moradia, o que dificulta a mudança de trabalhadores para esses espaços e desacelera a economia. De acordo com a reportagem, as políticas habitacionais apresentam três erros: tornaram muito difícil construir as acomodações necessárias para população; criaram incentivos econômicos imprudentes para as famílias direcionarem mais dinheiro para o mercado imobiliário; e não conseguiram projetar uma infraestrutura reguladora para restringir as bolhas imobiliárias.
MORADIA E ECONOMIA
A melhora econômica observada desde a crise de 2008 não refletiu no mercado imobiliário. Mesmo com recorrentes quedas de taxas de juros, os valores de moradia seguem aumentando, em um crescimento que não é acompanhado pelos salários. O alto custo de moradias criou desigualdades geracionais e geográficas. Pessoas mais jovens consideram casa própria fora de alcance. “Em 1990, a geração baby-boomers, com idade média de 35 anos, possuía um terço dos imóveis da América. Em 2019, a geração Y, com 31 anos, possuía apenas 4%”, diz a revista.
A reportagem mostra que esse não é o único cenário possível para a habitação. A cidade de Tóquio, no Japão, construiu mais de 780.000 habitações entre 2013 e 2017 sem diminuir a qualidade de vida. A Suíça oferece aos governos locais incentivos fiscais para permitir o desenvolvimento habitacional. A Nova Zelândia recupera alguns dos ganhos dos proprietários por meio de impostos sobre terras e propriedades com base em avaliações que são frequentemente atualizadas.
Em alguns países, como na Alemanha, a taxa de propriedade da casa é baixa e com ampla oferta e poucas isenções ou subsídios para proprietários-ocupantes, o que torna a ideia da casa própria pouco atraente. Por outro lado, o país possui um setor de aluguel social que incentiva arrendamentos de longo prazo e fornece direitos claros e aplicáveis aos locatários.
Os EUA limitaram sua redução de impostos para pagamentos de juros de hipotecas. A Grã-Bretanha proibiu taxas iniciais elevadas de contratos de aluguel e restringiu os empréstimos hipotecários arriscados. Em oposição ao movimento Not in My Back Yard (NIMBY – Tradução literal: não em meu quintal), que é contra a expansão de zonas urbanas, surge o Yes in My Back Yard (YIMBY – Tradução literal: sim em meu quintal), que busca incentivar a construção.
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5 respostas
Esse texto é, no mínimo, mal informado. Que desserviço do CAU à classe com a sua publicação acrítica
Que análise mais mal caráter! Pela lógica desta análise as pessoas tem se submeter a especulação imobiliária, porque a moradia e a casa própria vai enfraquecer o mercado! Vá!
Assino em baixo.
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Artigo muito ruim e tendencioso…
Quem escreveu esta resenha não entendeu uma única palavra do texto original.
O artigo é bom … mas faltou explicitar com mais clareza as implicações econômicas e financeiras de questões demográficas em contexto geoeconomico. Em outra oportunidade vou analisar melhor e fazer os comentários que possa parecer de interesse para enviar a esse CAU/RJ.
Att.
F Scotti