O Rio de Janeiro inaugura os Jogos Olímpicos de 2016 nesta sexta-feira, 5 de agosto. A exectativa é que 120.000 pessoas passem todos os dias pelo Parque Olímpico localizado na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Formado pelas Arenas Cariocas 1, 2 e 3, Velódromo, Arena do Futuro, Estádio Aquático, Centro de Tênis, Centro Aquático Maria Lenk e Arena do Rio, o local vai sediar 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas.
Os espaços e seus usos foram definidos por meio de um concurso internacional de Arquitetura, promovido pelo IAB-RJ e pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Concorreram 60 trabalhos, de escritórios de 18 países. O vencedor foi o escritório Aecom, liderado pelo inglês Adam William Bill Hanway, 39 anos. O escritório é o mesmo que fez o plano principal do parque olímpico de Londres, em 2012. O arquiteto Hanway esteve no Rio em novembro do ano passado e definiu o projeto vencedor em dois meses. “Fazer um master plan é entender quais são as prioridades, e que não pode haver atrasos. Além disso, nos inspiramos no que há de melhor no Rio: suas praias e suas montanhas”, disse o inglês em 2011, quando foi anunciado vencedor do concurso.
O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, conselheiro do CAU/BR pelo Rio de Janeiro, lembra que a vantagem dos concursos é que eles apresentam desafios concretos aos profissionais de Arquitetura e Urbanismo. “Quando se tem um programa a ser cumprido em um determinado lugar, você abre um leque de opções, com a liberdade de escolher a melhor”, explica. “Neste caso, a chave do projeto é o calçadão sinuoso que serve como um eixo estruturador da organização espacial do Parque Olímpico. A partir daí, você pode dispor das diversas estruturas do Parque através de uma ordem não necessariamente rígida, porque o calçadão gera essa organização espacial”.
“Aconteceram diversos ajustes durante a construção, mas isso não prejudicou o conjunto graças a esse calçadão. A predominância dessa linha vai ordenar todos os fluxos. Nos outros projetos apresentados, não tem outro elemento com tanta expressividade”, afirma Janot. “Há uma diferença de nível que permite ao público utilizar a parte de cima, enquanto os atletas e serviços passam por baixo”, permitindo uma visão geral do conjunto”.
A realização de concursos públicos para escolha de projetos de Arquitetura e de Urbanismo é um recomendação antiga da UNESCO, que vem desde 1956. Muitos países seguem essa recomendação. A União Europeia define para seus países-membros a obrigatoriedade do concurso a partir de determinado valor de serviço, segundo a natureza da instituição promotora. No Brasil, a Lei de Licitações define o concurso como modalidade preferencial para a escolha dos projetos de edificações, mas essa modalidade é muito pouco usada no Brasil. O CAU/BR defende a obrigatoriedade do concurso em todas as obras públicas.
Em 2015, o Colégio Colegiado Permanente com Participação das Entidades Nacionais dos Arquitetos e Urbanistas (CEAU) realizou um Seminário Internacional sobre Concursos Públicos para Projetos de Arquitetura e Urbanismo, com a presença de diversos especialistas no assunto (leia aqui). Nas Olimpíadas do Rio, o Campo de Golfe também foi escolhido via concurso público.
LEGADO
De acordo com a comissão julgadora do concurso para escolha do projeto, os critérios básicos foram divididos em dois modos: Jogos e legado. No primeiro, alguns itens que fizeram o escritório vencedor se destacar foram o conceito de operação, acesso separado para atletas e espectadores, logística de transportes, viabilidade de execução e uma via exclusiva para estacionamento. No modo legado, os destaques ficaram por conta da preservação ambiental, solução de uso de todos os aparatos mantendo intacta a lagoa da região e viabilidade de manutenção.
A comissão julgadora do Concurso Parque Olímpico foi composta por: Gabriel Durand-Hollis (vice-presidente do júri), Nuno Portas (relator), Luis Millet, John Baker, Sergio Dias, Jorge Wilheim (presidente do júri), Flávio Ferreira, Christos Kourtis, Roberto Ainbinder e Gustavo Nascimento.
Após os Jogos, o boulevard e área de lazer serão abertos ao público. Uma das arenas dará lugar a quatro escolas municipais em diferentes localidades. No Centro Olímpico de Treinamento, as instalações serão destinadas ao treinamento de atletas de ponta, com uso compartilhado por projetos sociais e eventos.
INVESTIMENTOS
O Parque Olímpico foi construído por meio de duas parcerias. Uma delas, Parceria Público-Privada (PPP), entre a prefeitura e a concessionária Rio Mais, permitiu a construção e manutenção por 15 anos da infraestrutura do Parque Olímpico, das Arenas Cariocas 1, 2, e 3, do hotel e da infraestrutura da Vila dos Atletas, que também foi erguida na Barra.
Para viabilizar a construção das demais instalações – Estádio Aquático, Centro de Tênis, Velódromo e Arena do Futuro – a prefeitura assinou um acordo de cooperação técnica com o governo federal. A União aportou os recursos e o município foi responsável pela execução das obras.
Publicado em 02/08/2016