O futuro de uma área profissional está, irremediavelmente, nas mãos daqueles que atuam nela. Na arquitetura e no urbanismo não é diferente – práticas inovadoras, que congregam características como bom uso da tecnologia, criação de facilidades e conforto à vida do homem e respeito a critérios socioambientais, surgem a todo instante como rica contribuição de profissionais que vão além do usual e elaboram projetos diferenciados. Essas são atividades que enriquecem a produção arquitetônica brasileira e que devem ser estimuladas cada vez mais.
Os arquitetos e professores da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) Isabella Trindade, Robson Canuto e Ana Luisa Rolim são exemplos desse perfil profissional inovador. Em parceria com os ex-alunos, hoje arquitetos, Rafaela Paes, Rodrigo Malvim e Maria Eduarda Absalão, além dos graduandos Natalia Barretto e Mateus Gibson, o trio elaborou projeto premiado para o Centro de Ensino Infantil em Parque do Riacho, em Brasília-DF, através de concurso realizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB-DF). A iniciativa do grupo pernambucano foi uma das cinco que recebeu menção honrosa na seletiva, entre um total de quase 200 projetos inscritos.
Em entrevista com o CAU-PE, os professores Robson Canuto e Ana Luisa Rolim conversaram sobre o trabalho desenvolvido. Comentaram a importância de concursos públicos dessa natureza, como surgiu a ideia de trabalharem juntos e a importância dessa iniciativa para a formação de novos arquitetos e urbanistas.
Como surgiu a ideia de vocês trabalharem juntos além da universidade?
Ana Luisa – Somos acadêmicos com prática profissional e acreditamos que a teoria se estende à prática. Eu e Isabella já nos conhecemos há bastante tempo, e nosso trabalho em equipe já data de mais de dez anos. Com Robson, trabalho há dois anos. Nosso intuito é sempre fazer trabalhos envolvendo colegas e estudantes. Formamos uma equipe que se reúne para estudar planos urbanísticos, fazer pesquisas e pensar projetos para concursos, atividades ligadas à academia mas de cunho prático.
Como vocês vêem o impacto desse trabalho para a arquitetura e o urbanismo?
Robson – A gente entende que o projeto arquitetônico é resultado de uma reflexão, de um conceito que, após muito estudo, é materializado a fim de concretizar ideias. É algo que temos no dia a dia em sala de aula e, por isso, acreditamos que tem reflexo direto sobre a prática de arquitetura. Funcionamos quase como uma espécie de laboratório, no qual a gente trabalha oportunidades de testar ideias para depois incorporá-las à realidade, quando possível. Grandes obras nacionais e internacionais, por exemplo, foram fruto de concursos. Neles, muitos projetos foram inscritos e, apesar de não terem levado o primeiro lugar, essas iniciativas ajudam a trazer reflexões para a trajetória da arquitetura mundial.
Como vocês fazem a ponte para incorporar estudantes ao trabalho de vocês?
Robson – Enquanto professores de arquitetura, entendemos que, para um aluno, ter a prática dentro da academia, mesclar o teórico com a atividade profissional de fato, é muito importante para a formação. No dia a dia, estamos sempre em contato com os estudantes, vemos muito o estilo e a sintonia que eles têm conosco, alguns demonstram interesse e, quando é possível, os chamamos para um trabalho em conjunto. Não é à toa que trabalhamos com três ex-alunos, hoje profissionais que estão aí no mercado, e também contamos com dois universitários. Oportunidades como a desse concurso, então, ajudam a formar profissionais de qualidade.
O que essa menção honrosa representa para vocês?
Ana Luisa – Para esse concurso da CODHAB, tentamos pensar em um formato novo de escola, quisemos criar uma experiência única e questionar a permeabilidade dos espaço. Para nós, foi muito gratificante poder colocar nossas ideias em escala nacional e dar mais visibilidade não só ao nosso trabalho mas também a um novo formato para a escola brasileira. É louvável uma iniciativa como essa, um concurso aberto para que todos os brasileiros possam participar e colocar suas ideias em campo. O resultado, portanto, é estimulante para a arquitetura e para que participemos de novos concursos.
Para os estudantes, que importância vocês atribuem a essa experiência para a vida profissional?
Natalia – Eu nunca tinha participado de um concurso antes, mas a conclusão que tirei dessa experiência foi que ela foi muito enriquecedora, tanto para o aprendizado da teoria quanto para a prática, porque a gente põe em prática no projeto tudo o que vemos na universidade. Isso fora o contato que temos com os professores, que é importante para formação. Foi uma experiência boa da qual tirei muita coisa positiva.
Mateus – Eu penso que a prática de concurso é fundamental não só para profissionais. É bom para o aluno passar por isso ainda na formação, pois ajuda a ampliar os horizontes, a gente consegue sair um pouco do nosso ponto de vista e ver tudo o que a área oferece, como, por exemplo, saber mais sobre coisas práticas, como legislação, além de explorar mais a criatividade. Eu já tinha participado de alguns concursos antes, mas esse de agora foi fantástico. Pude trabalhar com professores que admiro e compartilhar com eles ideias e visões. Foi uma ótima experiência.
Acesse AQUI para saber mais sobre o resultado do concurso.
• Confira todos os integrantes do grupo premiado na iniciativa da CODHAB-DF:
FONTE: CAU/PE
Publicado em 23/03/2016