
Para Rosa Grena Kliass, arquiteta pioneira do Paisagismo no Brasil, a descoberta de sua vocação foi obra de um encontro no último minuto e de um amor à primeira vista. “No último ano da Faculdade de Arquitetura, entrou uma cadeira que se chamava Paisagismo. Assim, baixou aqui o Roberto Coelho Cardoso. Um americano de família portuguesa, que veio de Berkeley e foi ser o nosso professor. Eu e Miranda [Magnoli] fomos alunas dele e imediatamente entendemos que aquilo era a nossa missão”, contou em entrevista concedida ao CAU/BR em 2014.
Aos 85 anos, Rosa admite que a escolha pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, cursada na Universidade de São Paulo na década de 50, “até hoje é um grande mistério”. Interiorana de São Roque (1932), oscilou entre Arquitetura e Física durante os exames de vestibular, mas uma coincidência de datas entre as provas forçou uma decisão. Nas décadas seguintes, “inventou” seu próprio mercado de trabalho. “Paisagismo no Brasil era somente o [Roberto] Burle Marx (1909-1984), que ficava no Rio”, sintetiza a arquiteta paisagista.
Entre inúmeras obras, Kliass destacou-se pelos projetos paisagísticos para a Avenida Paulista (1973), a revitalização do Vale do Anhangabaú (1981), ambos em São Paulo, e mais recentemente, pelas obras em grande escala para os Estados do Amapá (Parque do Forte) e do Pará (Mangal das Garças), no início dos anos 2000. Ainda em São Paulo, o projeto paisagístico para o Parque da Juventude (inaugurado em 2003 e concluído em 2007), na capital, foi premiado pela Bienal de Arquitetura de Quito em 2004, uma das muitas premiações de sua carreira.
Em junho de 2016, recebeu uma homenagem especial da Câmara dos Vereadores de São Paulo, cidade onde ela se formou, desenvolveu sua carreira e foram implantados alguns de seus principais projetos (clique aqui para acessar reportagem especial sobre o prêmio). “A colega Rosa Kliass tem uma importância incalculável na história da arquitetura paisagística brasileira e hoje nos dá a honra de ser conselheira suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Uma mulher desbravadora e doce, que faz da profissão um exercício cotidiano de talento, competência e qualidade”, afirma o presidente do CAU/SP, Gilberto Belleza.
Paralelamente à sua trajetória profissional, Rosa Kliass militou pelo reconhecimento do Paisagismo no Brasil, tendo sido a primeira presidente da Abap (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), entre 1976 e 1980. Rosa acredita que hoje o Paisagismo já é reconhecido no Brasil. Agora, a principal diretriz é investir na preparação dos novos profissionais. “Já temos vários cursos de Paisagismo em nível de pós-graduação e temos arquitetos urbanistas com especialização em Paisagismo. O que precisamos agora é de arquitetos paisagistas, uma categoria que não existe no Brasil, mas que já existe no mundo todo”, conclui.


VEJA ABAIXO ROSA KLIASS FALANDO DE SEUS PROJETOS NO PORTAL ARQUITETURA E URBANISMO (CLIQUE AQUI PARA MAIS VÍDEOS)
Por Daniele Moraes, assessora de Comunicação do CAU/SP
= Veja mais histórias de arquitetas e urbanistas brasileiras
8 respostas
Sou arquiteta, moro e atuo na cidade de Porto Alegre, RS. Gostaria de saber qual a opinião da arquiteta Rosa Kliass sobre a implantação de jardins verticais que estão sendo propagados pela Prefeitura de São Paulo como forma de compensação ambiental. Se realmente procede o que está sendo preconizado na mídia, se realmente são iniciativas eficazes na melhoria do meio ambiente, se há um projeto técnico multidisciplinar…..Seria uma solução pertinente para amenizar o problema da poluição e falta de áreas verdes nos grandes centros?
Desde já , agradeço a atenção .
Até. Ana Tomkowski
Olá Senhora Rosa Klias, fiquei impressionada com a suas obras na paisagem de São Paulo, moro na leste de SP e tenho um pequeno Sítio na região de Jundiapeba, onde o local é considerado área de conservação ambiental, temos matas nativas, muita água, porém é com grande tristeza que observamos o poder imobiliário voltar seus olhos para esse Paraíso, o local é em Quatinga, se tiver interesse em conhecer sei que vai se sentir em casa, um lugar onde o tempo parece não avançar,sempre trabalhei na área da Educação e acho que neste lugar tem tudo para Aprendizagem Ambiental, só falta interesse, desde já agradeço pela atenção.
Bom dia!
Sou aluna de Arquitetura, e estou fazendo meu TCC de um parque Urbano na cidade de Sanharó pernambuco, Gostaria de saber a opinião de Rosa Kliass sobre esse projeto, sanharo fica no agreste de pernambuco, e uma cidade pequena o parque tem intenção de oferecer lazer e melhorar o microclima da cidade, porem queria implantar numa área de interesse urbano que ainda não e area urbana, como forma de expansão da cidade, seria ainda um parque urbano? é uma ideia viavel para uma cidade de aproximada mente 25000 habitantes?
Esta arquiteta paisagística Rosa Kliass, assisti as entrevistas dela no Canal ARTE 1, e nas redes sociais. Virei fão dessa talentosíssima arquiteta, seus projetos e suas intervenções paisagísticas são apaixonantes. Depois de formado em arquitetura pretendo pegar este referencial dos grandes mestres da arquitetura.
Assistir agora o documentário do canal arte1, é apaixonante a forma com que ela trata os espaços vazios, é lindo o seu trabalho e para um estudante de arquitetura é uma aula intensiva sobre arquitetur paisagística
Que beleza os projetos desta arquiteta paisagista de São Paulo.
O Canal Arte 1 mostrou um ótimo programa das obras dela esta semana. Quem puder rever este programa, não perca: as obras são sensacionais, especialmente a inacabada de Rondônia e a de Macapá…
O que mais me chamou a atenção foi um belíssimo projeto de uma praça na beira de um rio em Porto Velho (Rondônia). Com a mudança do prefeito, o fantástico projeto foi abandonado.
Como continuo constatando, nossos políticos não valem o ar que respiram.
Como alguém foi incapaz de dar continuidade a um projeto de tal magnitude ?
Eu só queria entender o que se passa na cabeça deste troglodita de Rondônia…
Oi Rosa Klias vimos sua entrevista na TV Câmara e sou gerente de licitações da TEC-INSIDE.COM e desejo consultar o desenvolvimento da cidade sendo para projetá-la em 12 meses, sua opinião à curto, médio e longo prazo, sobre os projetos florestais urbanísticos e pasagísticos da cidade de Mauá-SP considerando as ruas, avenidas, praças, via férrea, elétrica, hidráulica.
Grata!
Att.,
Denis/Stephan/Amarílis
Prezados
Sou arquiteto e urbanista, pesquisador e professor na pós-graduação (Escola da Cidade e FIAMFAAM-Centro Universitário, ambas em São Paulo) e gostaria do contato de Rosa Kliass para uma entrevista sobre seu papel nos planos de desenvolvimento nos anos 1970.
Como posso consegui-lo?
Obrigado,