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Seminário BIM na Prática: Escritórios debatem métodos para implementar tecnologia

 

Arquitetos e urbanistas que realizam projetos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa contaram suas estratégias para implementar as novas tecnologias de projeto e compatibilização em seus escritórios. Profissionais como Alex Mortiboys, do Office for Metropolitan Architecture (OMA); Fernando Vidal, do Perkins&Will; Carol Bueno e Augusto Magno, da Triptyque Arquitetura; Matheus D’Almeida, da Bernardes Arquitetura; Heloísa Moura, do Estúdio Mova; Julio Farias, da Athié Wohnrath; e Igor Campos, do Studio MRGB, participaram do Seminário BIM na Prática, realizado em Brasília pelo CAU/BR, CAU/DF, Câmara Brasileira de BIM (CBIM) e SEBRAE Nacional.

 

Na palestra magna do evento, Alex Mortiboys, diretor de BIM no OMA, explicou como é a rotina de trabalho entre as sedes de Rotterdam, Hong Kong e Nova Iorque. Segundo ele, a equipe está no Nível 2 de BIM, onde os projetistas já fazem o trabalho de forma colaborativa, com cada um dos modelos hospedados no mesmo lugar, e há reuniões semanais para compartilhamento e discussão dos modelos. Em média, são 30 arquitetos e engenheiros trabalhando em cada projeto.

 

“O BIM Nível 3 seria com todo mundo trabalhando no mesmo modelo, mas ainda não estamos lá”, disse Alex. “Colocar todos os projetos na nuvem fez o nosso processo de trabalho mais fluido, tentamos usar isso em todos os projetos”. Segundo ele, o principal segredo para implementação da metodologia BIM é investir tempo na criação de templates e bibliotecas consistentes. Na OMA, foi um processo que levou quase dois anos para ser feito.

 

Presidente da CBIM, Alexander Justi; a arquiteta e urbanista Ana Laterza, analista do CAU/BR; Alex Mortiboys, do OMA; Ênio Queijada, analista de competitividade do Sebrae; Daniel Mangabeira, presidente do CAU/DF; e o conselheiro do CAU/BR Fernando Márcio de Oliveira, coordenador da Comissão de Relações Internacionais.

 

PREPARAÇÃO E EFICIÊNCIA
“Uma biblioteca leva muito tempo para construir, mas isso é fundamental para eficiência. Senão você estará reinventando a roda o tempo todo”, explica. “Da mesma forma, se seu template é bem cuidado, quase não há trabalho adicional depois para transformar em realidade virtual”. Porém, ele destaca, é preciso negociar todo o processo antes com os clientes, para que eles entendam a complexidade do trabalho – e aceitem pagar mais por isso.

 

Segundo Alex, na maioria dos casos eles conseguem chegar ao projeto ideal que os arquitetos imaginaram. “Temos perguntas prontas para guiar o cliente e entender o que ele realmente quer do processo”, afirmou. “Muito clientes preferem montagens no photoshop do que modelos de realidade virtual, mas quando falamos da parte de detecção de erros na compatibilização de projetos, conseguimos convencer o cliente a investir em projetos em BIM”.

 

Convencer os clientes e criar templates e bibliotecas podem parecer demandas muito trabalhosas, mas Alex garante que, no final, a eficiência de todo o processo compensa. Essa metodologia, ao final, permite que os arquitetos se concentrem no principal, que é o design. “É uma curva de aprendizado bastante profunda, mas não é impossível”.

 

Arquiteto e urbanista Fernando Vidal, do escritório Perkins&Will de São Paulo

 

EXPERIÊNCIAS NO BRASIL
“A gente tem hoje uma oportunidade de reeducar o mercado e mostrar que essas ferramentas podem trazer um benefício maior no final, para toda a cadeia construtiva”, afirma o arquiteto Fernando Vidal, do escritório Perkins&Will, que conta com mais de 2.700 colaboradores espalhados pelo mundo – 60 deles em São Paulo. “Trabalhamos com diversidade, montamos o time por projeto, e a tecnologia BIM proporciona isso”.

 

Para implementar o BIM em no escritório, a metologia tem que ser prioridade, diz Fernando. Em São Paulo, foram contratados quatro arquitetos argentinos para implementar a ferramenta, o que levou cerca de um ano, e ainda rende reuniões no mínimo mensais. “Sem essa tecnologia a gente não conseguiria trabalhar entre estúdios. São várias pessoas trabalhando no projeto ao mesmo tempo”.

 

Segundo ele, em 2015, 30% dos projetos eram em CAD, hoje são menos de 10% – isso porque muitos fornecedores ainda não trabalham em BIM. “É uma forma diferente de pensar o futuro, os dados te direcionam para o design do futuro. Você consegue projetar e testar as formas antes de construir.”, afirmou.

 

Arquitetura e urbanista Carol Bueno, da Triptyque Arquitetura

 

No escritório Triptyque Arquitetura, com sedes em São Paulo e Paris, a equipe fez um um diagnóstico em cima de processos, tecnologia e pessoas para implementar a tecnologia BIM. “É uma nova matriz, entendo que é um caminho sem volta”, afirma a sócia Carolina Bueno. A partir de modelos paramétricos, a equipe consegue saber quais ações acontecem em maior quantidade e organizar os colaboradores, criando times mais eficientes.

 

“Hoje, por conta das relações entre construtoras e incorporadoras, a gente ainda tem necessidade de entregar em imagem”, afirmou o BIM Manager do Triptyque, Augusto Magno. “Hoje geramos informação, e não apenas entregáveis, informação para análise e para determinar um design mais eficiente”.

 

Mais de 200 arquitetos e urbanistas estavam presentes no evento

 

SOLUÇÕES INDIVIDUAIS
No Estúdio MOVA, de Brasília, o BIM chegou quando a equipe ganhou uma concorrência para fazer uma franquia internacional. “Não conseguimos fazer Autocad, dava muito erro, e decidimos usar programas BIM. Com isso, tivemos um projeto pronto em 10 dias, daí fizemos 80 lojas no Brasil inteiro”, conta a sócia Heloísa Moura. “Com o BIM, conseguimos fazer uma família de mobiliário com todas as especificações. Em uma manhã, o estagiário fez todo o mapa de mobiliário. No AutoCAD, teríamos que desenhar vista por vista”.

 

Ela destaca que, em projeto de restaurantes, as incompatibilidades de instalações são frequentes. Mas com o BIM, o que antes voltava 4 ou 5 vezes, hoje só volta uma vez. “Não existe uma só maneira de fazer as coisas, existe a maneira que mais se adapta à sua capacidade de trabalho, ao tamanho do seu escritório, à sua necessidade. Cada dia que passa é uma novidade, uma necessidade diferente”, afirmou.

 

O arquiteto Igor Campos, do Estúdio MRGB, concorda. “A gente tem que usar a ferramenta que melhor se adapta à gente. No nosso caso, em Estudos Preliminares, usamos desenho manual, Autocad e Sketchup, e depois usamos 3D max e Adobe para atingir o fotorrealismo”, disse. Programas BIM são usados mais na fase do projeto executivo. “Com o BIM é possível identificar incompatibilidades que antes a gente não pegaria”.

 

Os arquitetos e urbanistas Augusto Magno (Triptyque) e Igor Campos (Estúdio MRGB)

 

No escritório Bernardes Arquitetura, de São Paulo, antes de se adotar o BIM foi feita uma pesquisa entre os arquitetos e urbanistas para saber qual o software que eles gostariam de usar. Segundo o arquiteto Matheus D’Almeida, o processo incluiu investimento em licenças, em treinamento e em novas máquinas. “Buscamos no mobiliário a criação de uma biblioteca própria, com fornecedores e até móveis próprios”, contou. “Ganhamos muito com detalhamento de marcenaria, peças de mobiliário”.

 

O arquiteto Julio Farias, da Athie Wohnrath, contou que a equipe de mais de 100 arquitetos usa um laser scanner para reformas. “Não faz mais sentido usar trena, agora utiliza-se realidade virtual, inclusive para orçamento e compras. Tivemos um trabalho árduo de 12 anos para avançarmos até aqui”, disse. A vantagem principal, segundo ele, é o uso de dados como área descoberta, área privativa, etc, e unir isso ao design”. Segundo Julio, o escritório entregou 160 projetos em BIM só no ano passado.

 

Arquiteto e urbanista Matheus D’Almeida, da Bernardes Arquitetura

 

Confira a íntegra do evento no vídeo abaixo!

 

 

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