Ensino e Formação

Seminário da Comissão de Ensino e Formação atualiza cenário da educação no Brasil

O coordenador da CEF, conselheiro Valter Caldana, representante das Instituições de Ensino Superior; e o presidente do Conselho Nacional de Educação, Luis Liza Cury

 

O II Seminário Nacional de Formação do CAU, nesta terça-feira, 19 de setembro, ofereceu aos participantes uma atualização sobre o panorama da educação no Brasil. Professores e integrantes das Comissões de Ensino e Formação (CEF) nos estados assistiram às palestras do presidente do Conselho Nacional de Educação, Luis Roberto Liza Cury; da assessora da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES) do MEC, Clarissa Tagliari; e do representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Lucas Resende Salviano. O evento acontece até a quarta-feira, dia 20, e reúne cerca de 80 professores de cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e integrantes das CEF-CAU/UF em Brasília, com formato híbrido. A realização é do CAU Brasil com o apoio do CAU/DF.

 

ENSINO PARA PROMOVER AUTONOMIA INTELECTUAL 

 

Luis Cury

 

Na primeira palestra do dia, o presidente do Conselho Nacional de Educação e conselheiro do Conselho Superior da CAPES, Luis Cury, delineou o panorama do acesso, permanência e resultado do ensino brasileiro. Os dados apontam que, ainda que tenha havido avanços na oferta de vagas, a educação brasileira segue enfrentando problemas históricos que abrangem desde o ensino básico até o superior, como evasão e baixo desempenho. Segundo Cury,  1.4 milhões crianças e jovens com idade entre 4 e 17 anos estão fora da escola.  Os estudantes também apresentaram resultados insuficientes no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2019 e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) indicou que 71% dos alunos têm baixo nível de aprendizado em matemática.

 

Este cenário impacta diretamente na qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação. “O curso superior é oferecido num ambiente desigual e a própria trajetória educacional vem ampliando a desigualdade”, afirmou Cury. O professor criticou o caráter conteudista dos cursos superiores, que privilegiam a educação tradicional em sala de aula em detrimento da oferta de experiências criativas e mais aderentes à realidade sobre a qual os futuros profissionais precisarão atuar. “As escolas são conteudistas, com pouco espaço de diversidade e flexibilidade”, afirmou. “Precisamos oferecer autonomia intelectual, leitura, pesquisa e extensão no projeto pedagógico”.

 

Palestrantes responderam a perguntas da plateia

 

Além das questões históricas, o sistema educacional acumula desafios contemporâneos, como o ensino à distância. O salto nas matrículas em cursos desta modalidade, segundo Curý, é resultado de múltiplos fatores que vão desde a falta de acesso até a dificuldade de adesão ao sistema tradicional. Para o conselheiro, o problema do EAD é a reprodução burocrática da modalidade presencial. “Não sou contra EAD. Ele tem uma perspectiva de acolhimento e correção de assimetrias. Mas ele precisa incentivar experiências presenciais e ter compromisso formativo adequado”, disse.

 

Relator da matéria que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Cury mencionou o caráter geral do novo texto em debate no CNE. “Estamos com as diretrizes bem encaminhadas, construindo junto com o CAU e IAB. 99% do texto tem coincidência como a proposta apresentada pelas entidades”, afirmou o conselheiro, que defendeu a prática desde o primeiro período da formação e flexibilidade para escolha dos projetos pedagógicos pelas escolas entre as normas.

 

O OLHAR DO MEC SOBRE O ENSINO SUPERIOR

 

Assessora da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES ), setor do MEC responsável por autorizar o funcionamento de IES, Clarissa Tagliari apresentou um panorama dos cursos de AU no Brasil. Segundo o Censo da Educação Superior 2021, há 705 cursos de Arquitetura e Urbanismo em funcionamento no país. Apenas 10% das instituições oferecem ensino público. 95% dos estudantes – o equivalente a 112 mil – ingressou sob a modalidade presencial. A maioria (67,1%) é formada por mulheres e pessoas brancas (52%), seguido de pessoas pardas (24%). Os dados também referendam a histórica concentração das matrículas na região sudeste, como ocorre em todas as áreas.

 

Clarissa Tagliari

 

O EAD tem pautado ações da SERES. Além da criação de cursos, alertou Clarissa Tagliari, tem havido a migração de modalidade de cursos presenciais. Conforme a assessora, a Secretaria instalou, no ano passado, um Grupo de Trabalho para analisar os casos da oferta da modalidade para alguns cursos. “Nossa proposta é prever parâmetros de qualidade para oferta do EAD e definir como ordenar o que tem sido essa expansão desenfreada da educação à distância”, disse a assessora. “Queremos escutar a sociedade para entender possíveis pontos de aperfeiçoamento. Será um marco importante para rever o marco da EAD. Uma proposta que não desestruture o ensino e que responda aos anseios da sociedade, com qualidade e responsabilidade”, afirmou.

 

Lucas Salviano

O Coordenador de Fomento Institucional à Pós-Graduação no País (CGFIP)  da CAPES, Lucas Resende Salviano, falou sobre as cotas de concessão de bolsas de mestrado e doutorado pela fundação, que é vinculada ao MEC. Segundo o coordenador, a CAPES distribui cerca de 90 mil bolsas no país. Os critérios para definição dos beneficiários estão ligados a quatro conceitos. O primeiro deles é a nota atribuída ao curso pelo MEC. Podem pleitear cotas cursos de mestrado e doutorado avaliados com nota igual ou superior a três. Outros critérios são o Índice de Desenvolvimento Humano do município, o número de professores titulados e o porte do curso.

 

Lucas Salviano colocou a CAPES à disposição para receber contribuições do CAU. “É importante que os conselhos estejam sempre em contato com a diretoria de avaliação por que talvez identifiquem melhor as deficiências”, afirmou.

 

O II Seminário Nacional de Formação, Atribuições e Atuação Profissional do CAU acontece entre 18 e 20 de setembro na sede do CAU Brasil, em Brasília. 

 

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