O CAU/SE promoveu, no mês de agosto, o Seminário Nacional de Ensino e Formação em Arquitetura e Urbanismo, realizado em Aracaju, com apoio da CEF do CAU/BR e da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA). Estiveram presentes no evento arquitetos e urbanistas, acadêmicos e professores da área, coordenadores de cursos de AU e conselheiros de vários estados. A conferência teve como pauta principal o Ensino à Distância (EAD), que põe em risco a formação profissional de arquitetura no país. O auditório do Museu da Gente Sergipana sediou o evento.

A presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias, disse ser positiva a iniciativa de abrir a discussão sobre o ensino à distância. Ela admitiu que a modalidade já é uma realidade, pois o Ministério da Educação (MEC) autorizou a criação dos cursos, mas ressaltou a importância de intervir na criação de Diretrizes Curriculares. “Deve haver o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para o ensino superior, para prevalecer na formação do arquiteto e urbanista as prerrogativas do ensino, da pesquisa e extensão, e assim a qualidade dos cursos têm que ser preservada”, disse.
A coordenadora da Comissão de Ensino e Formação (CEF) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Andrea Vilella, fez em sua palestra um apanhado histórico sobre o ensino de AU no país e alertou sobre a proposta do EAD, em sua integralidade, na área, manifestando preocupação. A coordenadora argumentou que a profissão lida não só com a questão de espacialidade, mas também com a vivência. “O EAD pode contribuir com a formação do arquiteto e urbanista, mas não pode substituir o ensino presencial. Pensamos em espaços e suas características. Se este espaço planejado deixar de ser importante, porque planejar e construir? Não justificaria a nossa formação”, argumentou.

Nos debates realizados no Seminário, a discussão sobre a Resolução Nº 2, de 17 de junho de 2010, do Conselho Nacional de Educação (CNE), Câmara de Educação Superior (CES), que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, que alteram dispositivos da Resolução CNE/CES, nº 6/2006 foi relembrada.
O presidente da ABEA, João Carlos Correa, falou sobre a questão da autonomia profissional e um pedido de revisão da DCN, nº 02/2010, que retira a exclusividade do Trabalho Final de Graduação (TFG) de AU, além das bancas finais, que sempre foram o diferencial dos cursos de arquitetura no Brasil. “Precisamos entender que o arquiteto e urbanista tem um papel fundamental na sociedade. Nós temos que obedecer a legislação urbanística, como códigos de obras, ambientais, de posturas, de uso ocupação de solo, etc.”, afirmou o presidente.

Para encerrar o evento, a conselheira estadual e coordenadora da Comissão de Ensino e Formação do CAU/SE, Rosany Albuquerque, falou sobre o Panorama do Ensino de Arquitetura e Urbanismo em Sergipe. De acordo com a coordenadora o quadro geral demonstra Sergipe tem hoje 76% de arquitetos a mais que em 2012, início do CAU. “No nosso estado, existem cinco instituições com ensino presencial em arquitetura e urbanismo. Embora a concentração de arquitetos maior seja em Aracaju, existe um mercado significativo em outros municípios”, disse.
Rosany, falando sobre o tema do ensino à distância, afirmou que o contato físico na construção acadêmica de arquitetura e urbanismo é fundamental. “Para mim distância não funciona muito, porque eu gosto de presenciar a evolução do conhecimento do aluno”, declarou.

Após a palestra foi realizada em conjunto – palestrantes e participantes do evento -, sugestão de propostas para o documento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) atuais. O documento, quando finalizado, será entregue ao Conselho Nacional de Educação, através da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA). “Foi uma discussão preciosa e uma oportunidade única sobre o futuro do ensino e formação em arquitetura e urbanismo. Estamos satisfeitos em conseguirmos esboçar o primeiro documento, que será defendido junto ao Conselho Nacional de Educação”, finalizou a presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias.
4 respostas
Antes de julgar uma plataforma de ensino por não ser convencional, se deve no meu entender, buscar experiências dentro e fora do país, para então tirar conclusões.
Será que hoje em dia não se tem tecnologia suficiente para um aluno interagir com o professor no desenrolar de uma disciplina de projeto? Ou com seus colegas?
“A conferência teve como pauta principal o Ensino à Distância (EAD), que põe em risco a formação profissional de arquitetura no país.”
Baseado em que estudo podem afirmar isso?
Querem condenar uma plataforma ou uma postura?
Acredito que até 30% das Matérias que compõe o Curso possam ser EAD, o restante seria imprescindível o presencial ! Presencial, eu vi muitos querendo apenas o canudo! Não queriam nada! Se o CAU não ficar de olho a nossa profissão vai cair muito o nível!!! Aí vão colocar um exame de Conselho!
Por incrível que pareça, eu sou a favor de um exame de Conselho “SIM!”. Se isso permitir filtrar e aumentar o nível dos profissionais na área da AU, acho que a ideia deveria ter sido implantada a tempos.
O colega quer citar exemplos de experiências dentro e fora do pais para ensinos EAD? Como você quer comparar nossos acadêmicos com os de países de primeiro mundo, se muitos dos que hoje entram em uma instituição de ensino de graduação, mal sabem o básico do ensino médio?
Citar tecnologia para o meio acadêmico para as aulas assistidas em EAD, será que um aluno com baixo poder aquisitivo, teria essa tecnologia disponível em sua residência? Em vista da necessidade de máquinas de ponta para tal…
Parece básico que, mesmo nessa modalidade, deva-se ter um tempo pré- determinado para a vivência dos estudantes num canteiro de obras, em escritórios de arquitetura e em reuniões periódicas em sala de aula para a vivência presencial. De resto não me parece nocivo ou deletério, desde que haja esses cuidados. E a pergunta se estende: no caso das extensões como pós-graduação, mestrado, doutorado… Como é que fica? Acho que deve ser da mesma forma, na proporção necessária em cada curso, a vivência presencial.
Arq. Adhemar Braga de Souza