Ocupações informais, geração de emprego e renda e questões de segurança pública foram temas da quarta mesa de debates do Seminário Nacional de Política Urbana: Por cidades humanas, justas e sustentáveis”, realizado em São Paulo nos dias 3 e 4 de julho. Participaram os arquitetos e urbanistas Maria Adélia de Souza (USP), Michele Gonçalves dos Ramos (Instituto Igarapé), Marcia Lucena (Prefeita do Município de Conde–PB) e Benedito Barbosa (CMP).
A professora Maria Adélia Souza destacou que os conflitos mundiais estão transitando do campo da economia para o campo da política, com ênfase no desenvolvimento das cidades. “A disputa política é pelo uso do território. O mundo de hoje se caracteriza pela desigualdade socioespacial e pelo movimento de pessoas”, disse. “Os complexos territoriais, as cidades, são um direito que temos”. Ela destacou a necessidade de uma política nacional para as cidades.
O advogado Benedito Barbosa, do Centro de Movimento Populares (CMP), militante dos agrupamentos sem-teto, lembrou do incêndio do Edifício Wilton Paes de Almeida , que vitimou nove pessoas. “Essa tragédia escancarou a falta de moradia, que não é só na cidade de São Paulo”, disse, lembrando que os integrantes dos movimentos de moradia enfrentam riscos em todo o Brasil. “Vemos cidades com impressionantes números de remoções e removidos. Despejos e reintegrações de posses gigantescos”.
A questão da segurança foi o foco principal da fala de Michele Gonçalves dos Ramos, representante do Instituto Igarapé, ONG que se dedica a estudos sobre o tema no Brasil. “As soluções para uma cidade mais segura estão relacionadas a ações que privilegiem o convívio entre as pessoas”, afirmou. Citando os altos índices de homicídios registrados nas cidades brasileiras (25 das 50 cidades mais violentas do mundo estão no Brasil), ela disse que uma mudança da segregação espacial depende de uma agenda urbana que contemple o uso misto do solo e criação de novas lideranças políticas.
A prefeita do município de Conde (PB), Marcia Lucena, trouxe a experiência de uma professora que resolveu comandar uma cidade com 65% da população com renda menor de meio salário mínimo. Marcia afirmou que tem promovido diversas atividades ligadas ao urbanismo no município, como as duas reuniões semanais com os moradores para explicar tudo o que acontece na Prefeitura. “A gente precisa criar mecanismos que estimulem a participação da sociedade”.
Foto: Da esquerda para a direita: Maria Adélia de Souza (USP), Michele Gonçalves dos Ramos (Instituto Igarapé), a mediadora Luciana Royer (USP e IAB/SP), Benedito Barbosa (CMP) e a prefeita de Conde (PB), Marcia Lucena.
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