Começou nesta segunda, 18 de setembro, o II Seminário Nacional de Formação, Atribuições e Atuação Profissional do CAU. O evento acontecerá até a próxima quarta, dia 20 de setembro, na sede do CAU Brasil, em Brasília, e tem formato híbrido. A iniciativa da Comissão de Ensino e Formação (CEF), com apoio do CAU/DF, procurará estabelecer a relação entre a formação de arquitetas e arquitetos e urbanistas e as atribuições profissionais necessárias para atender às demandas da sociedade brasileira. A aula magna do encontro foi ministrada pela socióloga Maria Inês da Silva Magalhães, vice-presidente da Caixa Econômica Federal.
Atualmente, há 694 cursos de arquitetura e urbanismo habilitados no Brasil. A intenção da CEF é colaborar com a qualificação das diretrizes da graduação. Para colher contribuições que sirvam de subsídios aos debates, a Comissão convocou profissionais, estudantes, professores, pesquisadores, conselheiros e corpo técnico do Conselho. Uma consulta pública colheu respostas para três questões-base: Que elementos aproximam a formação acadêmica às práticas profissionais? Que lacunas na formação precisam ser saneadas para o exercício profissional? Que arquiteta/arquiteto e urbanista o Brasil precisa? No total, 20 contribuições foram enviadas e onze delas validadas, de acordo com os requisitos determinados pelo edital.
Em vídeo de saudação, a presidente Nadia Somekh agradeceu a ampla participação do público. “Foram duas dezenas de trabalhos que nos ajudarão a entender as demandas da nossa sociedade para a formação de qualidade dos arquitetos e urbanistas. Nossa missão é atender às necessidades do nosso povo, considerando as mudanças climáticas, e criando espaços democráticos e inclusivos. Como fazer isso? Vocês vão nos ajudar”, afirmou.
O coordenador da Comissão, Valter Caldana, afirmou que o seminário está alinhado com a missão de firmar a identidade do CAU, processo que requer amplo diálogo com a sociedade. “O CAU é partícipe de uma formação que ofereça respostas para as crises habitacional, ambiental e de mobilidade. Para isso, tem que ter identidade própria, e, como agente público e ente de estado, ouvir a sociedade. Esta ideia norteou esta gestão. E este é o papel do seminário”, afirmou.
A abertura também contou com a participação do integrante da CEF-CAU/DF, Ricardo Reis Meira; e da representando o Colegiado de Entidades dos Arquitetos e Urbanistas (CEAU) e presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), Ana Maria Reis de Góes Monteiro.
ARQUITETOS BRASILEIROS ENTRE OS MAIS QUALIFICADOS PARA PENSAR AS CIDADES
Coube ao conselheiro federal Marcelo Machado Rodrigues(MA) introduzir a participação da convidada principal. Maria Inês da Silva Magalhães foi Ministra de Estado e Secretária Nacional de Habitação e Diretora de Políticas para os Assentamentos Precários entre 2003 e 2016. Em 2017, passou a atuar como consultora sênior em agências internacionais como Banco Mundial e ONU-Habitat.
Para a socióloga, refletir sobre a formação sob a perspectiva da responsabilidade social da profissão é fundamental para habilitar arquitetos e urbanistas capazes de responder a desafios contemporâneos, como a crise climática e interação com ferramentas de inteligência artificial. “Democratizar o debate da cidade e da arquitetura é uma tarefa importante e o CAU tem feito isso com muito vigor e qualidade”, afirmou.
Maria Inês chamou atenção para a necessidade de unir o ensino e a prática no campo multidisciplinar do urbanismo. A partir da experiência acumulada em projetos e programas de habitação e desenvolvimento urbano na América Latina e na África, foi taxativa: os arquitetos brasileiros estão entre os mais qualificados para pensar as cidades. “Nós temos expertise, uma qualidade de profissionais como não existe no sul global. É um conhecimento acumulado muito importante, e isso tem a ver com a crise climática, a urbanização de favelas, assentamentos precários e a forma como tornamos os espaços mais resilientes”, afirmou.
Segundo a vice-presidente da Caixa, a demanda anual por domicílios no Brasil chega a um milhão. Ela apontou os avanços do ponto de vista da ATHIS no novo Minha Casa Minha Vida, principal programa governamental criado para fazer frente à falta e inadequação de moradias. “Houve avanços tanto do ponto de vista do projeto quanto da construção de espaços com participação da comunidade. É uma aposta que está incluída na Secretaria de Periferias”, afirmou.
Maria Inês falou ainda sobre os desafios da nova fase do programa, como a adoção de técnicas, materiais e inovações que respondem a necessidades regionais. Como exemplo, citou as palafitas na região amazônica. “Não faz sentido produzir casa de bloco na Amazônia, mas é preciso absorver a produção local para que a técnica seja adotada pela política pública”, afirmou. “A inovação, às vezes, vem travestida de uso da tecnologia, mas é sobre alcançar alternativas que propõem soluções ainda não incorporadas no cardápio das políticas públicas”, completou a socióloga.
Após a aula magna, a palestrante respondeu a perguntas do público. O diálogo foi mediado pela conselheira Claudia Sales (CE).
O II Seminário Nacional de Formação do CAU aconteceu entre os dias 18 e 20 de setembro em Brasília, promovido pelo CAU Brasil com apoio do CAU/DF.
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Confira a programação completa do II Seminário da CEF.
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