Completou 85 anos no dia 19 de fevereiro o arquiteto e urbanista Severiano Mario Porto. Conhecido como “arquiteto da Amazônia”, ele foi responsável por grandes projetos nas décadas de 1960 e 1970, como a sede da Petrobrás e o campus da Universidade da Amazônia. Desde aquela época, Severiano já empregava conceitos de arquitetura sustentável mesmo antes de o conceito ganhar popularidade, considerando as necessidades e circunstâncias de cada região – no caso, a Amazônia, onde morou e trabalhou por 36 anos.
“Foi observando o pessoal nativo – os seringueiros, para mim, gigantes que cruzam a floresta amazônica a pé e passam meses embrenhados na mata, levando uma bagagem mínima, enfrentando toda sorte de problemas até grande onças que a gente pode encontrar mesmo perto de Manaus – que aprendi sobre o fazer regional”, disse o arquiteto. A vivência no Amazonas começou com um convite do governador Arthur Reis para projetar a Assembleia Legislativa do Estado. Embora esse projeto não tenha sido construído, ele ainda projetou no Amazonas o campus da Universidade Federal do Amazonas, o Estádio Vivaldo Lima, O Centro de Preservação Ambiental de Balbina e as sedes da Superintendência da Zona Franca, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e do Fórum de Justiça Enoch Reis.
Sua própria casa era um exemplo claro de sua preocupação em fazer uma Arquitetura que estivesse de acordo com o clima, a cultura e os materiais disponveis da região. Ele construiu uma casa de madeira junto a um igarapé, conforme o costume do povo local. A mistura do projeto convencional com as técnicas e materiais do homem local o levou a revolucionar a arquitetura amazônica, até então uma cópia de tudo o que era feito no resto do mundo, sem preocupação em adequação ao contexto.
Suas obras foram diversas vezes premiadas pelo IAB, como o Restaurante Chapéu de Palha (1967), a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (1974), a Casa Schuster (1978), a Pousada da Ilha de Silves (1982), o campus da Universidade da Amazônia e o Centro de Proteção Ambiental Balbina (1987). Recebeu ainda o Colar de Ouro do IAB e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O IAB-AM pretende iniciar um levantamento das obras de Severiano Porto para futuramente propor o tombamento de algumas delas como patrimônio arquitetônico do Amazonas. Entre essas obras, o Centro de Preservação de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, que se encontra em estado de completo abandono. Em forma de maloca indígena e toda coberto de cavacos (lascas de madeira), o Centro foi construído em 1987 para sediar trabalho de impactos ambientais causados pela Usina Hidrelétrica de Balbina, mas sua função nunca foi adiante.
Como disse Lucio Costa, “Severiano não só fez e atualizou a boa arquitetura no país como não se esqueceu tampouco que o próprio objetivo da arquitetura não se restringe à proteção física, mas oferecer um quadro às ações e às estruturas sociais e representar e ser, ela própria, uma cultura”.
Feliz aniversário, Severiano!!
VEJA O ESPECIAL SOBRE SEVERIANO PORTO:
Severiano Porto: o arquiteto por ele mesmo
Severiano Porto: o arquiteto como poeta (Artigo do arquiteto Roger Abrahim)
Severiano Porto, um mago arquitetural! (Artigo do arquiteto Roberto Moita)
O compromisso com o ofício (Artigo de Marcelo Borborema Correia, arquiteto)
Severiano Porto: a visão amazônica da arquitetura moderna brasileira (Artigo de Vicente Wissenbacb, jornalista)
Ensinamentos de Severiano Mario Porto – Avô e arquiteto (Artigo de Paula Carneiro Porto, arquiteta e neta)
6 respostas
O Arquietto Severiano Porto nasceu em Minas Gerais, Uberlândia, 19 de fevereiro de 1928, o que Não foi citado na metéria.
abrs
Parabéns a iniciativa do CAU de homenagear este arquiteto que contribuiu para uma arquitetura regional legitima, revolucionaria, sustentável, atual em todos os tempos.
Gostaria de deixar registrada aqui minha especial homenagem ao Severiano, cuja obra tive a honra e o privilégio de estudar no começo do meu curso de Arquitetura da Universidade Santa Úrsula (RJ), lá pelos idos de 1979/1980.
Desejo a ele tudo de bom nos seu 85 anos, com saúde, alegrias, realizações e muita felicidade!
Um forte abraço de seu admirador,
Ricardo Magno de Carvalho
Merecidíssma homenagem. Parabéns ao CAU pela iniciativa. Os mestres precisam ser mais divulgados à sociedade.
Não conheço as obras do ilustríssimo colega, orgulho da classe.
Até a própria neta, Paula Carneiro Porto, lembra com muita satisfação os ensinamentos do avô.
Gostaria que fosse mais divulgado os seus brilhantes trabalhos, como muito bem apreciou o DD. Lúcio Costa, autor do Ex-Ministério da Educação no Rio de Janeiro-RG.
Renato da Gama Lacerda
Arquiteto.
Justa homenagem. “fazer uma Arquitetura que estivesse de acordo com o clima, a cultura e os materiais disponíveis da região”. Quase uma declaração de princípios mostrando que, para muito além dos ditos “edifícios sustentáveis” por ter aproveitamento de água de chuva, simplesmente ao fazermos a verdadeira Arquitetura fomos, e devemos sempre ser, sustentáveis.