Moradas da Saúde
O condomínio Moradas da Saúde, no bairro da Gamboa, junto ao cais do Porto do Rio, é um bom exemplo de como a Arquitetura e o Urbanismo atendem a todos.
O Moradas tem 150 apartamentos, de cinco tamanhos diferentes, com média de 54 metros quadrados, divididos por nove blocos. Construído com baixo custo, tornou-se atrativo e acessível às pessoas de menor renda (até cinco salários mínimos) que trabalham no centro da cidade ou já moravam nas redondezas.
Vista de frente do Bloco 1
O empreendimento, totalmente privado, usou crédito associativo. Foi o primeiro do plano de revitalização do Porto do Rio, seguindo o conceito urbanístico de ocupar os centros das cidades com moradias, para que as pessoas residam perto do trabalho. Seu idealizador, o arquiteto e urbanista Demetre Anastassakis, participou da incorporação desde o levantamento do terreno até o projeto de seus blocos. E ali morou até seu falecimento em julho de 2019 aos 71 anos de idade.
Vista dos fundos do Bloco 1
Além dos blocos, alamedas internas e equipamentos de lazer, o condomínio se destaca por sua área verde.
A primeira etapa foi construída em 1996 e a segunda em 2006. Os preços de venda da primeira etapa, para apartamentos de 44 a 60 metros quadrados, foram de R$ 32 mil a R$ 42 mil, com prestações de R$ 300,00 a R$ 500,00. Seria o equivalente, atualmente, à Faixa 1,5 do Minha Casa Minha Vida.
Hoje os apartamentos valem de R$ 300 mil a R$ 400 mil, mas a composição social do condomínio não mudou, pois, mesmo com o aumento do preço de venda do imóvel, “o valor de uso supera o valor da troca”, nas palavras de Demetre Anastassakis.
O elemento compositivo da arquitetura não é um andar tipo, mas módulos verticais tipo, agregados de modo a redundar em um prédio maior, de 22 unidades e um menor, de 14 unidades e seu rebatido.
Planta do segundo piso do bloco 1
O sistema construtivo utilizado foi de paredes estruturais de blocos cerâmicos de alta resistência (desenvolvidos e patenteados pelo arquiteto) revestidos.
Vista de frente blocos 3, 4, 5 e 8
Vista dos fundos dos blocos 3, 4, 5 e 8
Planta do primeiro piso dos blocos 3, 4, 5 e 8
Com a revitalização do Porto do Rio durante as Olimpíadas de 2016 o condomínio tornou-se um privilegiado vizinho do Museu do Amanhã (projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava), que já recebeu quatro milhões de visitantes; do Museu de Arte do Rio-MAR (projeto dos arquitetos Paulo Jacobsen, Bernardo Jacobsen e Thiago Bernardes); do AquaRio; e de um moderno prédio de escritório do premiado arquiteto inglês Norman Foster. Mais: ganhou uma estação do VLT, a Harmonia, praticamente na porta, e recentemente a Rio Star, uma da 20 maiores rodas-gigantes do mundo, nos fundos.
REVITALIZAÇÃO
A revitalização do Porto do Rio de Janeiro foi concebida na década de 1990 pela equipe do então Secretário de Urbanismo do Rio, arquiteto e urbanista Luiz Paulo Conde, e mais tarde encampada –e modificada- pelo Porto Maravilha.
O Moradas da Saúde, empreendimento pioneiro, teve origem em 1994 com uma encomenda à CoOperaAtiva de Profissionais do Habitat para levantamento das Oportunidades Habitacionais no Porto, exceto as áreas de favelas (no caso o Morro da Providência ou Morro da Favela) e a parte plana de aterro do bairro, destinadas posteriormente às torres comerciais do Porto.
O terreno logo identificado como o de melhor potencial para o condomínio havia sido uma ilha, ainda tem uma capela desta época, e pertencia à Casa da Amizade Rotária do Rio de Janeiro.
Planta do condomínio
FICHA TÉCNICA
Moradas da Saúde, 1996 a 2008
Projeto
Invento Espaços Anastassakis & Associados Ltda
Demetre Anastassakis
Claudia Mello, arquitetos e urbanistas
Antonio Cerqueira da Cruz, engenheiro civil
Construção
Bauer Edificações
Construtora Aravia
Construtora Novolar