BIM

Transformando cidades: o impacto do BIM na arquitetura e urbanismo  

O Building Information Modeling (BIM), ou Modelagem de Informação da Construção, assegura aos arquitetos e urbanistas um papel de destaque no desenvolvimento de projetos. Isso porque a metodologia permite criar simulações digitais, iniciar processos, ter uma visão holística, coordenar equipes multidisciplinares, focar na sustentabilidade e gerenciar informações essenciais para o andamento dos projetos.

Em entrevista exclusiva ao Perspectivas CAU, lançado nesta sexta-feira (13/9) pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), a presidente Patrícia Sarquis Herden fala sobre como o BIM está transformando a prática dos arquitetos e urbanistas no país.

A presidente destaca as iniciativas do conselho para promover a adoção do BIM entre os profissionais brasileiros, bem como os principais desafios enfrentados na implementação dessa tecnologia. Além disso, aborda como o BIM pode contribuir para um desenvolvimento urbano mais sustentável e eficiente.

Confira, a seguir, as iniciativas do CAU/BR, os desafios e as perspectivas futuras para uma arquitetura e urbanismo mais sustentáveis e eficientes.

 

Perspectiva CAU: Qual a importância do Building Information Modeling (BIM) para a arquitetura e urbanismo no Brasil?

Patrícia Sarquis Herden: O Building Information Modeling (BIM) é fundamental para a arquitetura e o urbanismo, especialmente na tomada de decisões e no engajamento dos stakeholders. A metodologia permite a criação de modelos digitais detalhados de edificações e infraestruturas urbanas, que podem ser utilizados de forma colaborativa em todas as etapas do ciclo de vida de um projeto, desde a concepção e elaboração até a execução, acompanhamento de obras e operação e desmobilização do empreendimento. Isso possibilita maior precisão e transparência na utilização dos dados e recursos empregados.

Esses modelos não apenas representam fisicamente o projeto, mas também incorporam informações relacionadas a materiais, custos, cronogramas e manutenção. A adoção do BIM melhora a precisão dos projetos, reduzindo erros e retrabalhos, o que resulta em economia de tempo e custos.

 

Perspectiva CAU: Quais iniciativas o CAU/BR tem implementado para promover a adoção do BIM entre os arquitetos e urbanistas? 

Patrícia Sarquis Herden: O CAU/BR foi convidado pelo Governo Federal para participar da segunda fase da Estratégia BIM BR, uma estratégia nacional de disseminação do BIM, iniciada em 2018 e atualizada pelo Decreto nº 11.888/2024. A primeira fase, que começou em janeiro de 2021, tornou obrigatório o uso de BIM na execução de obras e serviços de engenharia contratados pela administração pública federal. A segunda fase, iniciada em 2024, amplia essa exigência para a elaboração de projetos. A terceira fase, prevista para 2028, abrangerá todas as etapas: projetos, obras e pós-obras.

Além disso, o CAU/BR firmou um acordo de Cooperação Técnica com o BIM Fórum Brasil (BFB) para promover a digitalização no setor de arquitetura e urbanismo. Entre as ações, está a continuidade da Pesquisa Nacional sobre Digitalização na Arquitetura e Urbanismo, com lançamento da 2ª edição da pesquisa neste mês de setembro, e os eventos de roadshow nos estados, que permitem a troca de informações e a apresentação de casos de sucesso no uso do BIM.

Com o objetivo de orientar a definição de requisitos mínimos desejáveis nas contratações em BIM, o CAU/BR também participou da criação dos “Guias de Contratação BIM”. A coletânea visa garantir maior qualidade dos entregáveis e aumentar a maturidade do mercado de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), seja para edificações, infraestrutura, indústria e instalações, administração pública ou iniciativa privada, em atendimento à nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), que estabelece a incorporação preferencial do BIM nas licitações e contratos de obras de engenharia, em todas as suas fases, desde a concepção até a pós-ocupação.

 

Perspectiva CAU: Quais os maiores desafios enfrentados pelos arquitetos e urbanistas ao adotarem o BIM em seus projetos? 

Patrícia Sarquis Herden: Os principais desafios incluem o investimento inicial necessário, especialmente para pequenos escritórios e profissionais autônomos, tanto para a aquisição de softwares quanto para treinamento e qualificação de processos. Também há uma resistência à mudança, principalmente em relação à adaptação às novas tecnologias e processos. Outro desafio significativo é a atualização das grades curriculares e a capacitação especializada na academia, garantindo que os novos profissionais já entrem no mercado familiarizados com as funcionalidades do BIM.

Além disso, a integração do BIM com outras ferramentas e sistemas já utilizados no mercado pode ser desafiadora, exigindo ajustes e atualizações constantes para acompanhar a evolução tecnológica.

 

Perspectiva CAU: De que maneira o BIM pode contribuir para um desenvolvimento urbano mais sustentável e eficiente? 

Patrícia Sarquis Herden: O BIM é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de cidades mais inteligentes e sustentáveis. Ao integrar dados sobre construção, operação e manutenção de infraestruturas, o BIM possibilita uma gestão mais eficiente dos recursos urbanos.

Combinado com outras tecnologias, como City Information Modeling (CIM), Gêmeos Digitais, Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e Inteligência Artificial, o BIM permite a realização de simulações e análises integradas que ajudam a mitigar problemas socioeconômicos e ambientais, especialmente em relação às mudanças climáticas.

Os modelos BIM podem incluir simulações de desempenho energético, ajudando a projetar edificações mais eficientes, com menor consumo de energia e impacto ambiental. Além disso, o BIM promove um planejamento urbano mais coeso e colaborativo, integrando todas as fases do ciclo de vida de um empreendimento, o que resulta em menos desperdícios e maior sustentabilidade.

 

Perspectiva CAU: Como a senhora enxerga o futuro da arquitetura e urbanismo no Brasil com a integração cada vez maior do BIM? 

Patrícia Sarquis Herden: A crescente adoção do BIM promete transformar a forma como os projetos são concebidos, planejados e executados no Brasil. O BIM tem o potencial de posicionar o país como referência em arquitetura e urbanismo sustentável, oferecendo soluções inovadoras para os desafios urbanos.

Com o aumento da conscientização sobre as mudanças climáticas e a demanda por projetos de alta qualidade, o BIM permite criar edificações mais eficientes, focadas em conforto térmico, iluminação, ventilação e uso racional de materiais. Ele também facilita a colaboração entre profissionais de diferentes áreas e países, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e novas tecnologias, processos de design, produtos e sistemas construtivos adotados em diversas regiões do mundo, uma vez que os modelos virtuais podem ser acompanhados e modificados por profissionais em diferentes países.

É fundamental dedicarmos esforços no apoio e capacitação de pequenos e médios escritórios e profissionais autônomos. Eles precisam estar preparados para utilizar as novas tecnologias e ferramentas de gestão e processos, para assim superar a informalidade, obter acesso a financiamentos e investimentos para aquisição de softwares e hardware, promover a capacitação de suas equipes internas e incentivar a colaboração com outros profissionais.

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