A equipe vencedora do Concurso de Co-Curadoria para a 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo foi anunciada em 29 de abril de 2021, pelo IABsp. A equipe Travessias é formada por nove integrantes brasileiros de diferentes áreas de atuação: Carolina Piai Vieira, Larissa Francez Zarpelon, Louise Lenate Ferreira da Silva, Luciene Gomes, Pedro Cardoso Smith, Pedro Vinícius Alves, Raíssa Albano de Oliveira, Thiago Sousa Silva e Viviane de Andrade Sá.
Travessias apresenta que “os tecidos urbanos das cidades brasileiras são estruturas marcadas pela fragmentação, descontinuidades e simultaneidades tanto físicas, como simbólicas. As origens destes tecidos estão enraizadas aos violentos processos de colonização e pela transferência das conformações de desigualdades e apagamentos para as cidades. A possibilidade de atravessamento pela imensa colcha de retalhos brasileira representa tanto o compartilhamento de urbanidades possíveis, como a oportunidade de reinterpretação de memórias coletivas ancestrais. O recorte curatorial Travessias propõe eixos de atravessamentos na cidade articulados a nós temporários de atividades coletivas da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.”
O júri, composto por Gabriela de Matos, Sabrina Fontenele, Helena Ayoub Silva, Naine Terena, João Fernandes, Maria Estela Rocha Ramos Penha, Riva Feitoza, Pedro Rivera, Sepake Angiama e Janet Sanz, avaliou as 11 propostas deferidas em duas fases. Na primeira fase, selecionou 04 finalistas e na segunda, a vencedora, escolhida por unanimidade.
As propostas finalistas tiveram a seguinte ordem de classificação:
- Proposta 0005 – Travessias (Responsável Viviane de Andrade Sá)
- Proposta 0002 – Condições Humanas (Responsável Juliana Ziebell de Oliveira)
- Proposta 0007 – Coabitar (Responsável Stella Mommensohn Tennenbaum)
- Proposta 0010 – (Im)permanência como ação – Uma proposta em dois atos (Responsável Beatriz Carvalho da Rocha)
Sobre Travessias, o júri considera que o ato de trazer vozes historicamente marginalizadas para a realização do evento – e não apenas como participantes, mas como co-colaboradores e produtores do espaço – é politicamente urgente. Para Estela Ramos, “A proposta é importante e pertinente pela possibilidade de produção de novos discursos urbanos, de visibilidade a edifícios e monumentos historicamente apagados e estruturação de (novas) linguagens, reconhecendo práticas ignoradas pela arquitetura, enfatizando também retratação histórica”
Além disso, são propostas novas narrativas e atração de novos públicos à Bienal, com viés expositivo em várias escalas (migrações diaspóricas, nacionais, regionais e urbanas) por meio da grande representatividade e experiência da equipe. Sepake Angiama acrescenta “Travessias tem um potencial importante de levar algumas vozes internacionais para o contexto local e ao mesmo tempo, traduzir o contexto e a experiência locais para o internacional, o que é essencial pois há muito o que aprender com as práticas no contexto brasileiro”.
A equipe também explora os percursos pela experiência sensorial e urbana como entrelaçamento expositivo e têm a cartografia e a acessibilidade como condutores. Eles apresentam capilaridade nos territórios de trabalho propostos e prevêem a interação entre as exposições físicas e virtuais, vislumbrando (re)descobertas da cidade pela possibilidade de novos encontros entre pessoas, ancestralidades, memórias e pertencimentos. Pedro Rivera coloca ainda que “Essa curadoria pode gerar uma onda, num esforço de criação que é muito maior do que a própria equipe, sendo um catalisador de novas narrativas na arquitetura para além da Bienal”.
Saiba mais sobre a equipe Travessias:
Carolina Piai Vieira atua como pesquisadora do coletivo Cartografia Negra e como educadora no PODHE (Projeto Observatório de Direitos Humanos em Escolas), do Núcleo de Estudos de Violência da USP. Graduou-se em Jornalismo na PUC-SP e tem formação complementar do Centro de Estudos Africanos da USP. Foi repórter na ARTE!Brasileiros e na Revista Vaidapé. Trabalhou também com produção de conteúdo na Cooperativa Paulista de Teatro.
Larissa Francez Zarpelon é arquiteta e urbanista, doutora pela FAU-Mackenzie e pesquisa relações entre arquitetura, paisagem urbana e espaço público nas cidades latino-americanas. Docente nas disciplinas de Projeto Arquitetônico – Intervenção Urbana, Projeto Urbano e Paisagístico e Trabalho de Conclusão de Curso na Universidade Paulista. Em 2020, integrou a articulação e formação da Chapa 1 CAU + Plural para as eleições do CAU e, em 2021, passou a participar do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/SP) como conselheira suplente.
Louise Lenate Ferreira da Silva é graduada em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), pesquisadora de relações raciais no Laboratório de Estudos de Raça e Espaço Urbano (LabRaça) da mesma instituição e atuante no campo de patrimônio cultural através da Vila Maria Zélia. Foi estagiária do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (DPH) e integrou o programa de Visitas Patrimoniais do Sesc Pompéia como educadora patrimonial. É amante da música, da rua e das memórias, incorporando sua pesquisa sonora em suas leituras sobre os espaços vivenciados.
Luciene Gomes é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, doutora em Terapia Ocupacional pelo Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, e atualmente é professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no Bacharelado Interdisciplinar em Energia e Sustentabilidade e Engenharia de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade. É pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Acessibilidade, Corpo e Cultura da Universidade Federal de Sergipe e do Grupo Arquitetura e Acessibilidade da Universidade Federal de São Paulo, coordenadora do Projeto de Extensão Pipoca e Paisagem da Universidade Federal de Goiás – Regional Goiás/Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e colunista da Revista Reação.
Pedro Cardoso Smith arquiteto e urbanista com Especialização em Habitação e Cidade pela Escola da Cidade e Mestrado pela Universidade Mackenzie. Atuou na Secretaria Municipal de Habitação do Município de São Paulo com urbanização de favelas – especialmente Paraisópolis – e no Plano Diretor Estratégico vigente (equipe das Zonas Especiais de Interesse Social). Integrou, na Secretaria Municipal de Cultura do Município de São Paulo, a equipe responsável por supervisão, acompanhamento e fomento cultural à periferia, com os programas VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) e Pontos de Cultura. Atualmente é docente na Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz e na Universidade Paulista, onde leciona Projeto Arquitetônico de Habitação Coletiva.
Pedro Vinícius Alves é pesquisador do coletivo Cartografia Negra, trabalhou na Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo nos anos de 2014 e 2015, auxiliando na produção do VII Festival da Mantiqueira (2014) e do VII Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias. Publicou um livro de poesias, chamado “Caderno Negro”. Como integrante do coletivo Cartografia Negra participou como formador em Cartografia Cultural no programa de Formação de Monitores das Casas de Cultura, palestras, atividades em escolas e as Voltas Negras, que o coletivo realiza mensalmente desde 2018.
Raíssa Albano de Oliveira é mulher preta, antropóloga e educadora, mulherista africana com formação complementar nas áreas das artes plásticas, fotografia e filosofia. Sua pesquisa procura desenvolver caminhos para a educação em relação aos povos da diáspora africana, cidades e subjetividades poéticas. É idealizadora e pesquisadora do Coletivo Cartografia Negra. É monitora da pós-graduação Cidades em Disputa da Escola da Cidade.
Thiago Sousa Silva é escritor afrocentrado, artista plástico e artista de histórias em quadrinhos. Educador e pesquisador do Medu Neter (Hieróglifos, o sistema de escrita do antigo Kemet/Egito). Formado pela mestra Anika Osaze (Nefer Ka Maat) pelo Shrine of Maat, New York. Pesquisador e Educador das tradições e tecnologias científicas, culturais e espirituais do antigo nordeste africano. Graduando em Licenciatura em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia campus São Paulo, efetuando pesquisa no uso de histórias em quadrinhos de sua autoria para o ensino de Geografia da Educação Básica.
Viviane de Andrade Sá arquiteta e artista, é doutoranda pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e investiga os processos de visibilidade e apagamento do corpo na cidade contemporânea com o projeto “Corpos Visíveis, superexposição como processo de apagamento social e espacial na cidade contemporânea”. Possui mestrado em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, área de concentração, Poéticas Visuais com o trabalho “Construir com Corpo, o corpo fragmentado como dimensão do espaço”. Realizou a graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. É docente na Universidade Paulista e ministra as disciplinas de Projeto Urbano e Projeto Arquitetônico, Habitação Coletiva.