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UIA abre segundo dia de evento com palestras de Cui Kai, Zhang Li e Francine Houben

 

Na manhã desta segunda-feira (19), segundo dia de programação principal do UIA2021RIO (27º Congresso Mundial de Arquitetos), três keynote speakers palestraram no Palco Mundo: os chineses Cui Kai e Zhang Li, e a holandesa Francine Houben.

 

Cui Kai explicou o “racionalismo baseado na terra”, que guia o seu trabalho para valorizar a harmonia entre o ambiente construído e a paisagem natural. Já o arquiteto Zhang Li trouxe aos congressistas a importância da conexão dos corpos humanos com as cidades, para além de uma lógica focada apenas nas construções e nos objetos. Por fim, Francine Houben falou ao público do congresso sobre a sua experiência na construção e na renovação de importantes espaços públicos no mundo, sempre pensando na comunidade do entorno e nas pessoas que vão visitar os locais.

 

CUI KAI E A DEFESA DOS ELEMENTOS NATURAIS

Cui Kai deu início aos debates do dia falando sobre a sua filosofia de trabalho, o “racionalismo baseado na terra”, que visa a completa harmonia entre o ambiente construído, os elementos naturais e a cultura de determinado território. O arquiteto, nascido em Pequim, é presidente honorário e arquiteto-chefe do Grupo de Arquitetura, Design e Pesquisa da China, e vencedor do Prêmio Liang Sicheng de Arquitetura, em 2007.

 

–O fundamento ideal do “racionalismo baseadona terra” deriva de um regionalismo crítico. Durante anos de prática de arquitetura, eu transformo esse ideal em uma série de estratégias e metodologias que promovem harmonia entre prédios e natureza, heranças históricas e sustentabilidade. Elas não podemser guias apenas para o design arquitetônico, mas precisam ser transmitidas para estudantes, encorajando-os a ver a arquitetura como um tipo de valor social universal, em vez de um valor individual –explicou o chinês.

 

Ao longo da palestra, Cui Kai apresentou algumas de suas principais obras ao redor da China, que enfatizam a proposta de diálogo dos projetos com as paisagens. Entre elas, destacam-se o Mogao Grottoes Digital Exhibition Center, que se integra ao cenário de deserto de um patrimônio mundial; o Rongcheng Youth Center, que foi pensado em harmonia com um terreno de frente para a praia, em pleno centro urbano; o CITIC Jinling Hotel, que se adequa às montanhas de Pequim; e o Pavilhão da China na Exposição Horticultural Internacional de Pequim, cujoformato do telhado lembra construções tradicionais chinesas.

 

 

ZHANG LI: O CORPO HUMANO NA ARQUITETURA

 

 

Em seguida, foi a vez do chinês Zhang Li dar o seu depoimento, em queressaltou a importância de se pensar construções arquitetônicas a partir das interações com o corpo humano, e não só pela monumentalidade e estética da construção em questão. Graduado na Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde também lecionou, e editor-chefe da renomada revista chinesa World Architecture, Zhang é um dos estudiosos do conceito “ergonomics”, que investiga o uso dos espaços públicos tendo em vista as movimentações e relações humanas, de modo a melhor atender às necessidades daqueles que vão utilizar a estrutura proposta.

 

O arquiteto explicou que, por muito tempo, o design das cidades foi pensado a partir da demanda de se fazer objetos, e que, mais recentemente, as capitais chinesas passaram a refletir sobre o cotidiano da vida urbana e como os residentes dessas cidades se sentem:

 

–Vamos torcer para que muito mais seja feito para reconectar nosso corpo aos espaços urbanos, principalmente em um tempo em que tudo parece estar se tornando cada vez mais virtual. As interações físicas entre corpo e artefatos urbanos devem se tornar muito mais valorizadas –defendeu Zhang Li. Ele apresentou e explicou cinco de seus projetos, todos na China, trabalhados a partir das cinco escalas que são base do estudo de “ergonomics”: Nordic Cluster Beijing 2022, Shougang Big Air, Aranya Youth Camp, Jianamani Visitor Centre e Waiteless Toilet (Net Garden).

 

 

FRANCINE HOUBEN DEFENDE MULTIDISCIPLINARIDADE E PROCESSO

 

 

As atividades da manhã no Palco Mundo do UIA2021RIO terminaram com a conferência da arquiteta holandesa Francine Houben, fundadora e diretora criativa da Mecanoo Architecten, sediada em Delft, na Holanda. A obra de Houben é ampla e inclui projetos em vários lugares do mundo, como universidades, bibliotecas, teatros, museus e hotéis. Ela defendeu a multidisciplinaridade de sua equipe, “como uma orquestra sinfônica” que, quando está unida, faz música –no caso, arquitetura.

 

Ao longo de sua apresentação, Francine detalhou o processo de planejamento e conceito da renovação da área portuária de Rotterdam (Holanda), da Biblioteca Memorial Martin Luther King (originalmente projetada por Mies van der Rohe, em Washington D.C., nos EUA) e da construção do Centro Nacional Artístico de Kaohsiung (Taiwan). Em todos os projetos, a arquiteta ressaltou a preocupação em entender alguns pontos chave para guiar o processo: a transitoriedade dos locais, ou seja, o que eram antes e como foram utilizados ao longo da história; como integrar o espaço com a cidade e os moradores no entorno; e como a construção inspira as pessoas que vão frequentá-la.

 

–O processo depende muito da escala, do histórico do lugar edo propósito do prédio. Temos que ter cuidado com as pessoas que moram lá. Realmente tentamos imaginar como diferentes gerações podem aprender e crescer na mesma área. E, levando em conta sempre a mudança climática, é uma questão muito premente e deve serconsiderada seriamente na arquitetura e urbanismo –destacou.

 

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