Entre 3 e 6 de julho, a capital da Dinamarca, Copenhagen, sediará o 28º Congresso Mundial de Arquitetos. Promovido pela União Internacional de Arquitetos, o UIA2023CPH terá como tema “Futuros Sustentáveis – Não deixe ninguém para trás”. A participação brasileira, coordenada pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), representante do país junto à UIA, se fará de diversas formas. Uma delas será o estande “Continente Amazônia”, concebido em parceria com o CAU Brasil, com apoio de todas as entidades nacionais de arquitetos e urbanistas.
A rápida urbanização e a exploração predatória para consumo e exportação ameaçam o presente e o futuro do território amazônico, sua paisagem e seus habitantes – povos da floresta, comunidades indígenas, tradicionais e populações rurais e urbanas. Por definir o regime de chuvas e o clima do nosso continente e devido à sua escala e extensão, a Amazônia também influencia a vida em todo o planeta. Enfrentar a destruição este conjunto de ecossistemas implica enfrentar os problemas de exploração, devastação, pobreza e desigualdade nas Américas. Neste sentido, o estande brasileiro no Congresso UIA2023CPH foi concebido para sensibilizar sobre o papel dos arquitetos e urbanistas na tarefa de preservar este território estratégico para o mundo.
O espaço multimídia contará com telas por meio das quais os participantes poderão conhecer projetos com pegada sustentável localizados principalmente na Amazônia Legal, que corresponde a 59% do território brasileiro e engloba oito estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do estado do Maranhão.
ARQUITETURA RESILIENTE
Um dos destaques é a exposição “Arquitetura Resiliente da Amazônia”, elaborada pelo Núcleo Arquitetura Moderna na Amazônia (NAMA), da Universidade Federal do Amazonas, para a Bienal de Arquitetura de Seul de 2021, com curadoria de Marcos Cereto.




SEVERIANO PORTO
Serão expostas imagens do acervo arquiteto e urbanista Severiano Mario Porto, o “arquiteto da floresta”, doado ao NAMA. Falecido em 2020, Severiano Porto foi, nas palavras de Marcos Cereto, o responsável por conceber um modelo único de arquitetura sustentável, que une técnicas desenvolvidas por ribeirinhos e caboclos com as mais modernas e inovadoras tecnologias arquitetônicas. Um dos exemplos é o Centro de Proteção Ambiental de Balbina, no Amazonas (hoje em ruínas).

CERRADO SUSTENTÁVEL
Outro conjunto de imagens concentrará projetos do Cerrado. Um deles é o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), em Cuiabá, Mato Grosso, projetado pelo arquiteto e urbanista José Afonso Portocarrero, atual conselheiro federal do CAU Brasil representando o Mato Grosso. O projeto venceu o prêmio BREEAM 2018 como o melhor edifício sustentável das Américas e também na categoria voto popular. O projeto foi baseado nas casas indígenas, referências em bioclimática e o edifício se destaca pelo conforto térmico e utilização máxima da iluminação natural.

Também estará em evidência o projeto Moradias Infantis, em Formoso do Araguaia, Tocantins. Projetado pelos escritórios Aleph Zero e Rosenbaum, o projeto foi premiado duplamente em 2018 pelo RIBA (Royal Institute of British Architects) e pelo Prêmio Internacional de Excelência e Prêmio de Arquiteto Emergente para Aleph Zero.


O Cerrado também será representado por dois projetos do Bloco Arquitetos, escritório do Distrito Federal. Um deles é a Casa Palicourea, localizada em São Jorge, Goiás, premiada no Prêmio de Arquitetura Tomie Ohtake Akzo Nobel 202 e indicada para concorrer ao Mies Crown Hall Americas Prize – MCHAP 2022.

O segundo é a Casa Cavalcante, localizada no município do mesmo nome, em Goiás, finalista da Bienal Panamericana de Quito, Equador, 2020 e vencedor da categoria Edificações do Prêmio IAB Centenário 2021-Centro Oeste.

LELÉ
No estante do IAB também serão apresentados alguns projetos do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Além de estar ao lado de Oscar Niemeyer e Lucio Costa no início das construções de Brasília, ele foi precursor do uso de sistemas construtivos pré-moldados e buscou sempre adotar em seus projetos a iluminação e ventilação naturais. em seus projetos.

PRÊMIOS IAB
A participação no UIA2023CPH possibilitará também ao IAB ampliar a visibilidade mundial de alguns outros projetos, como a Estação Antártica Comandante Ferraz, vencedor de concurso público internacional de arquitetura promovido pela Marinha do Brasil sob coordenação Instituto. O projeto é do Estúdio 41, de Curitiba, coordenado pelo arquiteto Fábio Henrique Faria, tendo como coautores Emerson Jose Vidigal, Eron Costin e João Gabriel de Moura Rosa Cordeiro.

BIENAL VENEZA
Serão apresentadas também no estante imagens do pavilhão brasileiro na 18ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza 2023, premiado com o Leão de Ouro de Melhor Participação Nacional. O espaço, denominado “Terra”, teve a curadoria dos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Foi é a primeira vez em que a representação brasileira na bienal recebe esse prêmio.

FOTOGRAFIA
Além de projetos arquitetônicos, o estante do IAB exibirá imagens da Amazônia e do Cerrado. As fotos que representarão o bioma da Amazônia serão do jornalista italiano Oliviero Pluviano, ex-correspondente da Agenzia Nazionale Stampa Associata (ANSA) no Brasil. Amante do país e, sobretudo, da Amazônia, mantém o barco Gaia, que navega pelo rio Amazonas e afluentes levando cinema ao ar livre, mantimentos e medicamentos doados aos ribeirinhos. Em agosto, o Canal Futura irá apresentar um documentário a bordo do Gaia.

Do Cerrado, serão exibidas fotos de Paulo Ribeiro Baptista, professor associado na Escola de Belas Artes Universidade Federal de Minas Gerais. Participou de diversas exposições individuais e coletivas em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras, e tem trabalhos publicados em diversos livros e revistas. Suas fotografias estão representadas em acervos de instituições como o Museu da Fotografia de Curitiba e a Coleção Pirelli/MASP de Fotografia, do Museu de Arte de São Paulo.