ARQUITETOS EM DESTAQUE

Vera Fabrício: Fazendo história na Arquitetura gaúcha

A arquiteta e urbanista Vera Fabrício Carvalho (Foto: CAU/RS)

 

Se analisarmos qualquer foto recente de uma turma de formandos de Arquitetura e Urbanismo, veremos, na maioria dos casos, um número maior de mulheres do que de homens. Essa é uma realidade nacional. As mulheres já representam 63% dos profissionais com registro ativo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), segundo dados do IGEO.

 

Na década de 50, porém, o contexto era bem diferente. Na foto da turma de formandos de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de 1951, a arquiteta e urbanista Vera Fabrício Carvalho era a única mulher.

 

Dona do registro número 12 do CAU, ela é a arquiteta e urbanista que exerce há mais tempo a profissão no Rio Grande do Sul. Vera nasceu em 19 de novembro de 1928 e, mesmo perto de comemorar 90 anos de vida, continua a coordenar seu escritório em Porto Alegre (RS). Ao longo dos 67 anos de carreira, coleciona histórias e vivências que se confundem com a própria história da arquitetura gaúcha.

 

Como surgiu o seu interesse pela profissão?

 

Eu ainda estava no colégio e pensava em fazer química industrial, sabe-se lá por que. Um dia, durante um almoço na casa de uma tia, um amigo dela que estava conosco e tinha grande sensibilidade sugeriu: “por que você não faz arquitetura?”. Foi nesse momento que eu me dei conta de que essa era a profissão que seguiria. Esse amigo era o escritor Érico Veríssimo.

 

Vera Fabrício em celebração no CAU/RS (Foto: CAU/RS)

 

 

O que todo o arquiteto precisa saber?

 

Os profissionais precisam ter consciência da realidade urbana e dos desafios que o crescimento acelerado das cidades ocasiona, prezando pela qualidade de vida e sustentabilidade. Além disso, é fundamental saber valorizar os patrimônios históricos e toda a riqueza cultural que eles representam.

 

Como foi administrar profissão, a vida acadêmica e a família ao mesmo tempo?

 

Essa questão permanece complicada, mesmo após décadas. Naquela época, contávamos com a ajuda das nossas mães. Hoje, o cenário é outro: as mães/avós trabalham até mais tarde, o que inviabiliza esse tipo de ajuda. Gerenciar família e vida profissional é difícil, mas não é impossível e requer muita organização pessoal.

 

Cite um projeto que marcou a sua carreira?

 

Gosto de destacar a Faculdade de Medicina da Santa Casa, o Hospital Santa Rita e o projeto que completou o Hospital de Clínicas, todos em Porto Alegre (RS). Esse último foi um dos mais prazerosos, embora trabalhoso, uma vez que o prédio estava parcialmente construído, mas internamente incompleto.

 

Tem planos de parar de trabalhar?

 

Enquanto tiver saúde, vou continuar trabalhando e, felizmente, tenho saúde. Gosto muito do que faço e nem saberia fazer outra coisa depois de 67 anos de arquitetura!

 

Por Alice Nader Fossa e Gabriela Belnhak 

 

= Veja mais histórias de arquitetas e urbanistas brasileiras

NOTÍCIAS RELACIONADAS

CAU/RJ realiza edição inédita do Encontro com a Sociedade no Morro da Providência

Projeto brasiliense ganha destaque Internacional no Prêmio ArchDaily Edifício do Ano 2024

Arquiteto Washington Fajardo vai atuar na Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do BID

Pular para o conteúdo