A reafirmação do papel e a valorização dos arquitetos no atendimento aos clientes e à sociedade, priorizando seu bem e do meio ambiente, é a tônica da declaração “Futuro da Profissão” discutida em mesa-redonda internacional promovida em Londres pelo Royal Institute of British Architects (RIBA) que contou com a participação da primeira vice-presidente do CAU/BR, Lana Jubé, representando o presidente Luciano Guimarães.
O documento, que elenca cinco princípios, foi preparado pelos presidentes dos institutos de arquitetura da Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e República da Irlanda. Participaram da discussão, representantes de instituições de 18 países, e também o arquiteto e urbanista brasileiro Roberto Simon, vice-presidente para as Américas da União Internacional de Arquitetos (UIA).
O objetivo do debate foi definir uma linha de colaboração entre as organizações sob um ou todos os princípios e acordar tarefas e ações para alcançá-los. Os cinco princípios são os seguintes:
- Colocar o interesse público e a valorização da sociedade como o cerne de nossas ações. Prezando pelo bem da sociedade e do meio ambiente a longo termo, promoveremos os melhores padrões éticos de profissionalismo e asseguraremos o fortalecimento contínuo de nossos códigos de conduta, compartilhados com outras profissões e rigorosamente fiscalizados.
- Ser responsáveis e exemplares. A habilidade exclusiva de nossos filiados de compreender critérios complexos de construção e de liderar projetos, execuções, acompanhamentos e vistorias no ambiente construído assegurará que a qualidade do serviço que prestamos seja do mais alto padrão. Protegeremos a sociedade por meio do nosso profissionalismo e competência e pela certificação da qualidade e segurança dos espaços que projetamos e executamos. Ofereceremos serviços de qualidade à sociedade por meio da manutenção da excelência da formação profissional e pela promoção de competências de negócios, gestão, gerenciamento financeiro, atualização e inovação tecnológicas, entre outros.
- Refletir a diversidade da população em nossa força de trabalho. Não poderemos atender as expectativas e necessidades de uma sociedade diversa, inclusiva e progressista, sem que essa diversidade esteja refletida em nossa estrutura interna. Maximizaremos esforços para diversificar o nosso corpo funcional e para criar condições de capacitação e prática profissional que permitam que pessoas de todas as origens e gêneros tinham as mesmas oportunidades de contribuir e prosperar. Asseguraremos que nossas instituições sejam protagonistas nessas questões, adotando medidas e políticas que promovam a diversidade e a inclusão dentro de nossas rotinas de trabalho e nos posicionando quando surgirem pontos controversos no âmbito de nossa profissão.
- Buscar, produzir e compartilhar conhecimento. Desenvolveremos e disseminaremos os saberes relacionados à profissão aos legisladores, filiados, clientes e à sociedade em geral, na forma de recomendações, pesquisas, conhecimento e experiências. Colaboraremos no âmbito da pesquisa da construção, para comunicar, implantar e disseminar conhecimento e estimular a criatividade e inovação no ambiente edificado. Promoveremos a Arquitetura como um bem econômico e cultural, reflexo da sociedade e vital à sua sustentabilidade.
- Ser protagonista da nossa profissão na luta por um ambiente edificado mais sustentável. Seres humanos estão exaurindo os recursos físicos escassos do mundo em uma velocidade sem precedentes. O crescimento implacável do meio edificado é a maior causa da poluição do ar, da terra e da água. Nós temos o conhecimento e a perspectiva necessária para engajar nossos clientes e a sociedade na construção de ambientes sustentáveis. Adotaremos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas como um princípio norteador em todas as nossas ações, especificamente o objetivo nº 11 (Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.), garantindo a todos, com qualidade, o direito universal à moradia. Lutaremos em prol do desenvolvimento sustentável, da biodiversidade, da conservação dos recursos finitos e desestimularemos atividades poluentes nos projetos por nós desenvolvidos
Para uma maior produtividade dos debates, os participantes da mesa-redonda foram divididos em três grupos: Educação, Interesse público e Redes de Cooperação.
Lana Jubé integrou o grupo de discussão sobre Educação. Segundo ela, o debate demonstrou que a preocupação com as deficiências dos conhecimentos adquiridos pelos estudantes na graduação é comum a todos os países, dos mais desenvolvidos aos mais pobres. “Ficou clara a necessidade de investimento na formação ao longo do tempo pois o desenvolvimento tecnológico é constante e intenso e as exigências da sociedade quanto ao habitat se ampliaram”.
A primeira vice-presidente do CAU/BR lembrou que o Conselho vem defendendo a formação continuada. “Temos um espaço oportuno para esse tipo de cooperação, que congrega associações da sociedade civil como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas e a Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – FeNEA. Esse fórum, denominado Colegiado das Entidades Nacionais dos Arquitetos e Urbanistas, é uma instância deliberativa instituída por lei e faz parte de nosso organograma interno”.
Roberto Simon, por sua vez, participou do grupo de discussão sobre Redes de Cooperação. “As conversações buscaram sistematicamente colocar o interesse público como prioridade. Este princípio deve estar perfeitamente alinhado com os valores centrais das nossas organizações, que foram encorajadas a trocarem boas práticas de ações que atendam a esse princípio”.
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